Joker: entram os palhaços dos anos 70
O cinema americano dos anos 70 era adulto, cismado, devastado. Nada cómico. Joker, de Todd Philips, faz disso coisa de “comics”. O supervilão e inimigo de Batman está sempre a disparar imaginariamente à cabeça como o Travis Bickle de Taxi Driver. Chegou um dos filmes mais aguardados do Festival de Veneza.
Quando Joaquin Phoenix, que tem máscara de palhaço, diz a Robert de Niro, que tem cara de rei do talk show, “acho que toda a vida te conheci”, a personagem que Joaquin interpreta, Arthur Fleck, está a fazer de uma família de paranóicos a sua cara. Mais: esses paranóicos, Travis Bickle e Rupert Pumpkin, o insone solitário de Manhattan e o desajustado aspirante a comediante, são a sua alma, fazem parte da caminhada existencial de Arthur até se tornar Joker, o supervilão que terá no futuro décadas de rivalidade com Bruce Wayne, o vigilante Batman, o super-herói.