Aldeia da Sertã volta a ter telefone fixo quase dois anos depois

Incêndio de Outubro de 2017 destruiu cabos de telecomunicações que ligavam à Marinha de Vale de Carvalho.

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LUSA/PAULO CUNHA

A população de Marinha de Vale Carvalho, uma pequena aldeia do concelho da Sertã, volta a ter telefone fixo, quase dois anos depois de o incêndio que por ali passou ter interrompido o serviço. “O barco chegou à Marinha”, descreve o presidente da Junta de Freguesia do Troviscal, Manuel Nogueira Figueiredo, para explicar que, ao fim de um longo período sem o serviço telecomunicações, já há casas ligadas à rede fixa.

A reposição foi levada a cabo pela Altice, que instalou uma infra-estrutura de 12,8 quilómetros de fibra óptica para servir os cerca de 20 habitantes de Marinha de Vale de Carvalho, no distrito de Castelo Branco. Nesse aspecto, aponta Figueiredo, as pessoas “acabam por ter melhores condições” do que antes do incêndio, quando não havia fibra. A ligação é apresentada neste sábado, na Junta de Freguesia do Troviscal, mas também na aldeia.

O presidente da junta justifica o atraso na reposição do serviço com o “jogo do empurra” entre operadoras. Num documento enviado às redacções, a empresa de telecomunicações desresponsabiliza-se da demora na resolução, imputando a obrigação à NOS que, à data, era o prestador do serviço universal de rede fixa. 

Contactada pelo PÚBLICO, a NOS refere que a rede de comunicações destruída no incêndio de 2017 pertencia a outro operador e sublinha que “não se inseria no âmbito das obrigações do serviço universal da NOS, qualquer responsabilidade sobre a rede de outros operadores, incluindo a respectiva reposição”. A NOS acrescenta ainda que “nenhum cliente” do seu serviço universal “foi afectado pelos incêndios e que todas as comunicações da NOS foram repostas dias depois dos incêndios”.

Por outro lado, a Altice refere que, no período entre 2017 e a reposição da comunicação fixa, “foi além das suas responsabilidades oferecendo soluções alternativas de comunicações, através de rádio ou satélite, para garantir acesso a estas populações”. No entanto, Manuel Nogueira Figueiredo refere que a maioria da população acabou por não aceitar essa proposta.

No dia 21 de Junho, responsáveis do município da Sertã e da junta reuniram-se com dirigentes da Altice, que se comprometeram a repor a ligação, garantindo a cobertura daquele território com fibra óptica. A empresa tinha-se comprometido a fazer a ligação até dia 15 de Setembro, data das festas da aldeia, refere o presidente da freguesia.

Apesar da reposição na Marinha, continua a haver “dois ou três casos pendurados” na freguesia, salvaguarda Figueiredo. Ou seja, pessoas que vivem em pontos mais isolados e que ainda não viram o sistema reposto. O autarca diz que são casos cuja ligação significaria um investimento significativo para cada um. “Também tem que haver compreensão por parte das pessoas”, acrescenta.

Relativamente à rede móvel, o autarca refere que a operadora com melhores condições na aldeia é a Vodafone, que tem uma antena no Amioso, uma localidade vizinha a curta distância de Marinha de Vale de Carvalho. Sobre o sinal de rede da Meo (Altice), Manuel Nogueira Figueiredo explica que “o que lá chegava” antes do incêndio “é o que lá chega hoje”.

Na sequência dos incêndios de 2017, 500 mil pessoas chegaram a ficar sem telecomunicações, mas na esmagadora maioria das situações elas foram repostas. A 15 de Junho, na data que marcava dois anos depois dos incêndios de Pedrógão Grande, a ANACOM informava que havia ainda 40 situações por resolver. Dessas, 20 tinham recusado a solução proposta pelo operador, 18 por não ter sido possível o contacto com os clientes e dois em vias de resolução.

A Altice informa que, após os incêndios de 2017, investiu “mais de 20 milhões de euros” não só na reposição de ligações, mas também na substituição de cobre por fibra óptica.

Notícia actualizada às 21h01: Acrescentada resposta da NOS

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