Portugal luta por medalhas, mas com a cabeça em Tóquio 2020

Os Mundiais de sprint em canoagem começam nesta quarta-feira, na Hungria, com 15 atletas portugueses. Fernando Pimenta é a grande aposta nacional para as medalhas e para a qualificação olímpica.

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Pimenta celebra nos Mundiais 2018 LUSA/TAMAS KOVACS

Quinze atletas. Uma super-estrela. Duas competições em causa. Começam, hoje, os Mundiais de sprint em canoagem e Portugal rema por objectivos imediatos nesta competição, na luta pelas medalhas, e por objectivos futuros, com a qualificação olímpica para Tóquio 2020 a ser jogada também neste tabuleiro.

Para a comitiva portuguesa, esta presença em Szeged, bem no Sul da Hungria, tem uma importância adicional: Fernando Pimenta, o evidente “cabeça-de-lista” da selecção nacional, tem dois títulos mundiais para defender, depois das conquistas em 2018, em Montemor-o-Velho.

Em K1 1000 metros e K1 5000 metros, o canoísta de Ponte de Lima — que deverá abdicar de participar nos 500 metros — é a maior esperança nacional para estes Mundiais e tudo o que não for uma medalha saberá a pouco para o sempre favorito e competitivo minhoto. Mas, pelo menos na variante olímpica dos 1000 metros, um top-5 será globalmente positivo, por já garantir um lugar em Tóquio 2020.

Apesar das elevadas expectativas, Fernando Pimenta lembra que, na canoagem, como em quase todos os desportos, um mau dia pode “deitar fora” meses de trabalho. Ainda assim, esse mau dia não pode pôr em causa o valor de um canoísta que tem coleccionado triunfos e recordes.

“É normal haver essa pressão pelas medalhas, mas somos humanos, não somos máquinas. Podemos estar num dia mau e falhar. E não será por um resultado menos bom que deixamos de ser bons atletas. O Michael Phelps e o Usain Bolt, que tinham tudo para vencer sempre, também chegaram a falhar. Nada é matemático no desporto”, disse, ontem, ao jornal Record.

Para Portugal, o “barómetro” destes Mundiais pode ser, por um lado, um 2018 pouco conseguido (apenas duas medalhas em Montemor-o-Velho, por Fernando Pimenta) ou, por outro, um 2015 bastante positivo (na altura, a competição garantiu, desde logo, seis vagas olímpicas para o Rio 2016).

O objectivo da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) é focar-se mais em 2015, isto é, colocar as qualificações olímpicas à frente das medalhas. “Ficaria bastante satisfeito se pudéssemos igualar as seis vagas conseguidas nos Mundiais de Milão, em 2015”, apontou o presidente do organismo, Vítor Félix, destacando a experiência como a valência-chave de uma comitiva portuguesa que leva sete canoístas olímpicos [Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro, Hélder Silva, Teresa Portela, Joana Vasconcelos e Francisca Laia].

“São bastante experientes, estão no apogeu da carreira, sabem o que são, trabalharam bem e estão focados. Levamos 12 atletas, mais três na paracanoagem, mas sabemos que o desporto é assim mesmo e podemos apurar zero, 12 ou os 15”, acrescentou, em declarações à Lusa.

Além de Fernando Pimenta, o sector masculino tem, ainda, esperanças legítimas no quarteto que vai competir em K4 500 metros. Num lote com dois atletas experientes, Emanuel Silva e João Ribeiro, e dois “novatos”, Messias Baptista e David Varela, o caiaque nacional tem sete lugares possíveis para qualificação olímpica, sendo que o recente quarto lugar nos Jogos Europeus (falharam o bronze por dois décimos de segundo) augura um bom desempenho.

No sector feminino existem os mesmos sete lugares para o K4 500 metros, que conta com um quarteto já “batido” em grandes competições (Joana Vasconcelos, Teresa Portela, Francisca Laia e Francisca Carvalho), mas que falhou por 18 milésimos de segundo a qualificação olímpica para o Rio 2016.

A nível individual, Teresa Portela tem cinco lugares de qualificação olímpica à disposição no K1 200 metros, enquanto Hélder Silva, nas canoas, viu os 200 metros do Rio 2016 alterados para 1000 metros em Tóquio. Nestes Mundiais, competirá em ambas as provas.

Destaque, também, para a paracanoagem, com três atletas portugueses em prova nas distâncias olímpicas dos 200 metros: Hugo Costa (KL2), Floriano Jesus (KL1) e Norberto Mourão lutarão todos por uma qualificação para Tóquio.

Em matéria de calendário, os canoístas nacionais esperam competir no fim-de-semana: se o fizerem, é porque estarão nas finais.

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