Um supermercado do futuro numa fábrica do passado

A cadeia espanhola Mercadona inaugurou os seus primeiros supermercados em território português em Julho deste ano. Depois de construir um novo estádio em Canidelo, restaurou uma conserveira em Matosinhos, projectos que fazem da marca mais do que um supermercado e a tornam parte da sociedade.

A Mercadona chegou a Portugal com uma convicção: “Não ser só um supermercado, mas fazer parte da sociedade”. E isto significa implementar um projecto de responsabilidade social que acompanhe o crescimento de cada supermercado. Na primeira loja do grupo, situada em Canidelo, a Mercadona estabeleceu uma parceria com a Câmara Municipal de Gaia, a Junta de Freguesia de Canidelo e com o Sport Clube de Canidelo, que resultou na construção das instalações do clube, permitindo que 300 crianças treinem agora em novas instalações. É com projectos como este, que a marca pretende dar o seu contributo para a sociedade.

No caso de Matosinhos, a segunda localização da Mercadona em Portugal, a empresa escolheu como localização uma fábrica histórica devoluta, sendo a responsável pela recuperação do espaço.

A conserveira Vasco da Gama, situada na Rua Sousa Aroso, fechou portas em 1995, e manteve-se abandonada desde então. Antes, era uma das maiores fábricas de Matosinhos, com produção das suas próprias latas de conserva. As linhas em estilo Art Déco e a chaminé de tijolo vermelho marcavam o centro da cidade e faziam parte da memória industrial de Matosinhos. Hoje, continuam vivas e de boa saúde na nova loja Mercadona.

“Da fábrica original, mantivemos toda a fachada principal, que sofreu obras de limpeza e de restauro”, explica o diretor de comunicação da Mercadona em Portugal, André Silva. Quando viram o espaço para ser a sede da loja de Matosinhos, o estado de conservação do interior da fábrica Vasco da Gama não estava no seu melhor, mas o projecto foi para a frente e a cadeia de supermercados inaugurou em Matosinhos, a segunda loja em Portugal. Um projecto que contou até com algumas coincidências, não fosse a responsável pelo restauro do brasão e da chaminé bisneta do antigo proprietário de fábrica.

“Passado algum tempo, quando já estava a ser reabilitado o brasão da antiga fábrica, descobrimos que a Susana Lainho – quem estava a fazer a intervenção – era bisneta do fundador desta fábrica”, refere André Silva. “Só descobrimos porque uma pessoa da nossa equipa reconheceu a Susana. Mas deu ainda maior força aos trabalhos”, explica.

A expansão da Mercadona para Portugal marca o primeiro projecto de internacionalização do maior grupo de retalho alimentar de Espanha. Desde Julho, já abriram quatro lojas em território português: Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar.

Em três anos, a Mercadona prevê investir 260 milhões no nosso país. “Vamos começar por abrir dez supermercados este ano no distrito do Porto, Aveiro e Braga, e vamos continuar por aí abaixo até Lisboa”, disse o presidente do grupo, Juan Roig, em Março deste ano. O objectivo futuro será abrir até 150-200 estabelecimentos, entre os quais 70 na região norte.

O que deve saber sobre a Mercadona:

  • A Mercadona nasceu em 1977, em Valência, Espanha;
  • Até ao final do ano, abrem mais 6 supermercados, nos distritos de Aveiro, Braga e Porto;
  • Não existe “marca branca” na Mercadona, os produtores são sempre identificados nos rótulos;
  • Na Mercadona os clientes são denominados de “Chefes” e estão no centro de todas as decisões;
  • Entre 2016 e 2018 a empresa comprou 203 milhões de euros a fornecedores portugueses;
  • A empresa aposta em lojas eficientes e eco-friendly.