Benfica e FC Porto preparados para evitarem surpresas no arranque

Paços de Ferreira e Gil Vicente são os primeiros a testar o momento dos dois crónicos campeões desde 2003.

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Benfica e FC Porto atacam a partir de hoje uma nova campanha na Liga, com Bruno Lage a assumir, desde a primeira hora (e sem heranças mais ou menos pesadas), a defesa do título conquistado na época passada, enquanto Sérgio Conceição parte em busca dos troféus que em 2018-19 lhe escaparam por entre os dedos.

Apesar de o destino dos dois mais bem cotados candidatos só se cruzar na terceira ronda, a 24 de Agosto, em pleno Estádio da Luz, a antevisão do Benfica-Paços de Ferreira (21h30, BTV) e do Gil Vicente-FC Porto (19h, SPTV) serviu, ainda que transversalmente, para colocar o grande duelo em perspectiva e treinar o tipo de discurso, com Bruno Lage a avançar com uma referência elogiosa ao homólogo portista. Lage resumiu com simplicidade a competência de Conceição, lembrando o título conquistado no primeiro ano à frente do FC Porto, a travar o penta das “águias”, bem como as duas finais nas taças e o desempenho meritório na Champions, estes na edição anterior, com Sérgio a falhar a conquista do bicampeonato por dois pontos.

Confrontado com as palavras de Bruno Lage, Sérgio Conceição optou por esperar antes de decidir se há motivos para continuar a desconfiar dos elogios ou se o rival teve apenas a intenção de lhe fazer justiça. De resto, o treinador do FC Porto não foi muito expansivo, optando por uma abordagem cautelosa face à grande imprevisibilidade que o Gil Vicente representa nesta fase, mesmo tendo sido “estudado durante a pré-época e na Taça da Liga”, na qual deixou o Desp. Aves pelo caminho.

Depois de ter conquistado importante vitória em Krasnodar, na 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões, Sérgio Conceição assume pelo terceiro ano consecutivo enquanto líder dos “dragões” que o jogo de Barcelos, o primeiro da Liga 2019-20, tem que ser encarado com a mesma sede de sempre. 

“O que espero?... ganhar títulos! Quem está num clube que luta por títulos só pode pensar desta forma”, vincou, confiante no habitual apoio do universo portista. “Conto que se repita o que aconteceu nos últimos dois anos, em que houve grande sintonia e empatia entre a equipa e os adeptos. Tenho toda a confiança que é isso que vai suceder”, declarou.
Indiferente aos anseios do FC Porto, Vítor Oliveira assume o papel de cordeiro, sustentado numa visão pragmática de quem precisa de se reinventar para sobreviver numa competição implacável. O treinador dos gilistas não deixa, contudo, de verbalizar o desejo de vencer, com ou sem justiça, que no futebol assume pouca relevância. Sobre o Gil Vicente, clube que regressa à elite com um plantel completamente novo, Sérgio Conceição limitou-se a referir o peso histórico do clube de Barcelos no escalão maior e a capacidade de este adversário colocar problemas ao FC Porto.

“Os campeonatos começam com zero pontos. Por isso, é importantíssimo começar com uma vitória, rumo ao nosso grande objectivo. Como é óbvio, esperamos dificuldades, que estão identificadas. Preparámo-nos sem mudar muito a identidade”, resumiu Conceição, que no final do jogo será mais um atento espectador do confronto de campeões marcado para a Luz. 

Vlachodimos disse “presente”

O Paços de Ferreira, igualmente transformado e redimensionado para o escalão máximo, apresenta-se na Luz com galões de campeão da II Liga, e com o novo treinador expectante em relação ao que os pacenses poderão valer nesta altura. Filó não esconde a estratégia de retardar o golo dos vencedores da Supertaça, ainda com o desastre do Sporting na memória. Até porque o discurso de Bruno Lage sublinha bem o carácter de um Benfica que o técnico “encarnado” quer, rapidamente, ver atingir os patamares da última campanha.

Ao contrário do habitual, enquanto a equipa procura o trilho certo para não ter uma entrada acidentada na nova temporada, Bruno Lage opta por uma estratégia diferente, enunciando, caso a caso, alguns exemplos de dedicação e sacrifício normalmente invisíveis aos observadores comuns. Sem João Félix nem Jonas, o treinador do Benfica tem inúmeros casos particulares para gerir, desde Vlachodimos a Seferovic. No caso do guarda-redes, apesar das notícias e dos nomes avançados nos media, a resposta foi dada com segurança: “Soube dizer presente” no meio de todo o ruído em volta, mostrando ao técnico que pode contar com ele. Com este exemplo, Lage enviou a primeira mensagem com que pretende fomentar a união do grupo, perguntando quanto vale Seferovic “que marca 21 golos e corre o que corre, como se viu no Algarve, mesmo ficando a zero”, exemplo seguido pelo reforço espanhol Raúl de Tomás. 

De resto, o treinador das “águias” também não disfarçou algum orgulho na hora de honrar Gabriel, que viu “continuar a disputar cada lance como se fosse o último, mesmo a vencer por 5-0”. “E, com o resultado feito, lesionar-se. É isso que nós queremos!”, notou, sem esquecer os casos de Fejsa e Samaris, dupla de 30 anos cujo comportamento e apoio a Florentino “são exemplares” para o equilíbrio da equipa. 

Os exemplos multiplicam-se no discurso solto do treinador, com uma palavra para Taarabt, que “morre em campo pela equipa, nem que seja por cinco minutos”, mas também para Cervi e Zivkovic, sem esquecer André Almeida, a pagar a factura de uma lesão gerida durante a competição, sacrifício que já lhe custou a presença na Supertaça. Para Bruno Lage, o colectivo do Benfica, que pretende ver ao melhor nível, depende de “grandes jogadores, mas acima de tudo de gente disponível para ajudar”.

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