Câmara de Moimenta da Beira quer heliporto junto ao serviço de urgência local

Autarquia já pediu informação sobre as condições necessárias para construir a infra-estrutura. Estádio Municipal do Matão, em terra batida, funciona como heliporto desde 2009, mas comandante de helicóptero do INEM recusou-se a aterrar.

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daniel rocha

A construção de um heliporto junto ao Serviço de Urgência Básica (SUB) de Moimenta da Beira é algo que faz parte dos planos da autarquia desde que o serviço entrou em funcionamento, em 2009, diz ao PÚBLICO o presidente da câmara José Lopes Ferreira (PS). O que falta? É necessário que as “entidades competentes informem se há condições para que isso aconteça e digam quais são”. 

Há dez anos que o local estabelecido para aterragem dos helicópteros em Moimenta da Beira é o Estádio Municipal do Matão, um terreno em terra batida afastado do centro da vila.

Foi nesse local que o comandante do helicóptero do INEM chamado para prestar auxílio a um homem que tinha sido agredido pelo ex-patrão em São João da Pesqueira se recusou a aterrar, tendo manifestado preferência pelo campo relvado que também existe na vila. A vítima acabou por falecer, mas o INEM já disse que “o local de aterragem do helicóptero não teve implicação na assistência”, já que o homem morreu antes da chegada da equipa.

A opção por não aterrar causou estranheza aos bombeiros locais. José Requeijo, comandante dos Bombeiros Voluntários de Moimenta da Beira, explicou ao PÚBLICO que “há cerca de três semanas aterrou um helicóptero no mesmo local durante a noite”.

“O que está predefinido e acordado há muitos anos com o INEM é que quando são accionados os meios de apoio a uma missão de um helicóptero” o destino é o Estádio do Matão. “Eles já sabem as coordenadas para onde vão. O procedimento normal é sair um veículo tanque, predefinido para fazer rega e estabilização do terreno, uma ambulância de socorro para dar apoio à equipa médica, e foi isso que estava feito [na noite do incidente], esclarece ainda o comandante. 

Sobre o incidente, o presidente da câmara refere que “todos os equipamentos estão ao serviço”. Avisa, porém, que “têm de existir condições adequadas de segurança para todos – aeronave, pilotos, população”. E explica que 0 “estádio relvado tem uma utilização exaustiva à noite”. “Eu não posso introduzir um helicóptero sem previamente ter estudado todas as condições de segurança para que ele ali aterre. Quer relativamente aquela população, quer em relação à população que por ali passa, a única coisa que precisamos é de definir os melhores procedimentos e colocá-los em prática de forma estabilizada.” 

Quanto à instalação do heliporto junto ao SUB local, o presidente da câmara refere que “até há um esboço de um projecto feito pelo arquitecto que teve intervenção na obra do SUB, só que eles não são a entidade competente para este licenciamento”. E acrescenta que, ao lado do serviço de urgência, há um terreno e “metade desse espaço está atribuído a um parque de estacionamento e a outra metade está reservada para aí poder vir a ser construído o heliporto”.

O presidente da câmara refere ainda que em causa não está a adequação do estádio municipal para esta finalidade. “Não é para que não usem os campos de futebol, mas se o heliporto ficar junto do SUB fica na localização ideal. As equipas médicas já não precisam de ser transportadas para o campo de futebol porque estão ali ao lado.”

“A possibilidade está a ser estudada e é nossa vontade que ela se concretize desde que existam condições de segurança no local. Por exemplo, o espaço está entre edifícios: de um lado, o SUB; do outro, edifícios particulares e uma rua. Eu não sei se a dimensão é adequada às aterragens”, assume o autarca. 

O PÚBLICO contactou o INEM sobre a possibilidade de definição de um local alternativo para aterragem dos helicópteros que prestam apoio à população desta região, mas não obteve resposta. 

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