O trono da Volta a Portugal vai ter novo ocupante

Raúl Alarcón, bicampeão em título, de fora devido a lesão. No seu lugar, a W52/FC Porto, mais cotada equipa portuguesa, aposta Gustavo Veloso e Ricardo Mestre, dois ciclistas que já venceram a prova

Foto
nuno Veiga /Lusa

A 81.ª edição da Volta a Portugal em bicicleta arranca com uma certeza: a prova terá um novo vencedor, após ter sido conquistada consecutivamente nos dois últimos anos por Raúl Alarcón. O espanhol da W52/FC Porto não alinhará à partida devido a lesão (teve uma queda aparatosa durante o Grande Prémio Abimota, no final de Junho, tendo sofrido múltiplas fracturas), ficando impedido de defender o seu duplo título. Mas a ambição na equipa comandada por Nuno Ribeiro continua a ser o primeiro lugar do pódio, com a aposta em dois ciclistas que já têm no currículo triunfos na Volta: o igualmente bicampeão Gustavo Veloso (vencedor em 2014 e 2015) e também Ricardo Mestre (2011).

Veloso será hoje o último dos 132 ciclistas a partir para o prólogo de seis quilómetros em Viseu que marca o início da Volta a Portugal, numa edição que percorrerá um total de 1531 quilómetros até 11 de Agosto. As subidas à Torre (4.ª etapa, 4 de Agosto), Serra do Larouco (7.ª etapa, 8 de Agosto), e Senhora da Graça (9.ª etapa, 10 de Agosto) são os grandes pontos de interesse desta edição, que pela primeira vez em 30 anos terá o seu final no Porto. “Pessoalmente tem um significado muito acrescido porque foi há precisamente 30 anos, na Avenida dos Aliados, que ganhei a minha primeira Volta a Portugal”, reconheceu o director da Volta, Joaquim Gomes, em entrevista ao diário desportivo A Bola.

Com o estatuto único em Portugal de Profissional Continental (segundo escalão do ciclismo mundial), a W52/FC Porto parte com responsabilidade acrescida na luta pelo título. A par dos “azuis e brancos”, apenas outras quatro das 19 equipas que vão disputar esta Volta a Portugal detêm esse estatuto: são as espanholas Caja Rural e Euskadi-Murias, a israelita Israel Cycling Academy, e a francesa Arkéa-Samsic.

As expectativas são as melhores, admitia ontem Joaquim Gomes nas redes sociais da Volta. “Será uma Volta extremamente competitiva”, previu o director da prova, acrescentando: “A não presença na prova [de Raúl Alarcón] acabou por exacerbar as expectativas relativamente àqueles que serão os verdadeiros protagonistas desta Volta, e porventura criou também oportunidades para outros ciclistas. Quem sabe vamos ter, finalmente, este ano, um corredor português que possa rapidamente chegar ao coração dos portugueses e marcar esta geração.”

Tendo sido a última equipa a vencer a Volta a Portugal, em 2012, antes do período de domínio da W52/FC Porto (conquistou todas as edições desde então), a Efapel ambiciona regressar ao trono, mas os responsáveis estão conscientes das dificuldades. “Chegamos à Volta sem pressão de resultados, porque temos estado muito bem, com uma das melhores épocas desta estrutura. A W52/FC Porto é a favorita. Pelo historial e pelo estatuto de Profissional Continental, tem essa responsabilidade”, notou o director desportivo Rúben Pereira, citado pela agência Lusa.

“Penso que a Volta pode, este ano, só se decidir no último dia, com chegadas bastante emotivas que podem criar tensão no pelotão mas também dar espectáculo. [O percurso] está muito bem desenhado”, acrescentou Rúben Pereira, que tem em Joni Brandão o principal trunfo na luta pela camisola amarela, mas conta também com o veterano Sérgio Paulinho, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004.

Candidatos à espreita

Entre as equipas que vão estar à espreita de uma oportunidade para intrometer-se na luta pela geral surge o Sporting/Tavira, que aborda a Volta com dois nomes nacionais que impõem respeito (Tiago Machado, de regresso a Portugal após nove anos ao mais alto nível no estrangeiro, e José Mendes, que há um mês conquistou o título de campeão nacional de fundo), aos quais junta o vencedor de 2013 Alejandro Marque. Vicente García de Mateos, já com seis vitórias em etapas da Volta no currículo, é o principal destaque da Aviludo/Louletano.

Há igualmente nas equipas internacionais ciclistas que prometem não deixar os créditos por mãos alheias. Aos 42 anos (é o mais velho do pelotão da Volta a Portugal 2019), Óscar Sevilla tentará mostrar os argumentos que o levaram ao segundo lugar na Volta a Espanha em 2001. O ciclista espanhol irá correr pela colombiana Team Medellín. É ainda de notar entre as equipas estrangeiras a presença da BAI/Sicasal/Petro de Luanda, a primeira equipa angolana a participar na Volta a Portugal desde a independência de Angola.

Depois do prólogo de hoje em Viseu, a Volta a Portugal cumprirá amanhã a primeira etapa “a sério” na ligação entre Miranda do Corvo e Leiria, num total de 174,7 quilómetros. No dia seguinte a chegada será em Santo António dos Cavaleiros, o ponto mais a sul do país a receber a meta de uma etapa nesta edição da Volta. A caravana seguirá depois em direcção a norte, subindo à Torre e abordando depois as regiões de Trás-os-Montes e Minho até à chegada ao Porto.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários