O antes e o depois do incêndio mais mortal da Grécia

A 23 de Julho de 2018, o fogo consumiu diversas localidades costeiras próximas de Atenas, matando 102 pessoas. Mati foi a área mais afectada. Um ano depois, a antiga zona balnear faz lembrar uma aldeia fantasma. As imagens da Reuters mostram o antes e o depois.

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Alkis Konstantinidis/Reuters

Um ano depois do incêndio mais mortífero da Grécia ter atingido várias localidades costeiras próximas de Atenas, matando 102 pessoas, o caminho para a normalidade de quem sobreviveu é longo e marcado por casas calcinadas e terra árida.

Num dos lados de uma rua na aldeia de Mati, uma cruz gigante branca eleva-se sobre os pinheiros negros. “In memorian 23-7-18”, lê-se.

A zona balnear, a este da capital, era popular entre reformados e crianças em campos de férias. A 23 de Julho, no ano passado, um incêndio entrou por lá adentro, matando pessoas no interior de casas ou carros e forçando outros a saltar de penhascos para o mar.

No primeiro aniversário do desastre, faz lembrar uma aldeia fantasma. 

Um café à beira-mar, outrora cheio de banhistas, está agora vazio, as mesas carbonizadas e as cadeiras há muito arrumadas. Um arbusto seco cresceu na parte de fora de uma casa onde, um ano antes, foram penduradas flores em memória dos que lá morreram.

Nos outros sítios, uma casa tem um telhado novo e paredes pintadas de fresco, mas impõe-se desolada num pedaço de terra queimada. “Foi um inferno. Não podíamos fazer nada”, disse Panagiotis Fragos, residente em Mati, durante uma homenagem às vítimas. “Desde aí, passo a vida a chorar. Teria sido melhor se eu também tivesse morrido.”

Em Mati, o que costumava ser um pinhal, foi reduzido a pilhas altas de troncos de árvores carbonizadas.

Um terreno onde foram encontradas 26 pessoas mortas, algumas presas num forte abraço enquanto as chamas se aproximavam, foi limpo de qualquer aparência de vida.

“É muito difícil para mim e para outros acordar de manhã e não ter o teu filho, a tua mãe, o teu pai para abraçar, para beijar”, disse Fragos. “Não pode ser descrito.”

Vinte pessoas, incluindo dirigentes e funcionários regionais antigos e actuais, foram acusados por causar danos corporais devido a negligência e até por homicídio involuntário.

O anterior governo atribui o incêndio a mão criminosa e descartou acusações de não terem evacuado a região a tempo. O governo recém-eleito anunciou uma série de medidas de apoio aos sobreviventes.

No memorial no domingo, 21 de Julho, onde rosas brancas foram atiradas ao mar, os sobreviventes disseram que ainda estavam à espera de licenças e indemnizações para começarem a reconstruir as suas vidas.

Fotografia de Alkis Konstantinidis