Isto, sim, é fazer uma desfeita

Lawson Craddock, um ciclista carismático que ficou fora dos escolhidos na Education First.

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Esta é a história de Lawson Craddock, um homem cujo regresso ao Tour teria um simbolismo tremendo, mas que, depois de estar pré-convocado, ficou fora dos eleitos da equipa Education First.

Já falámos aqui do significado da lanterna-vermelha da Volta a França e, hoje, falamos da história que se perdeu, à última da hora, com a ausência do último classificado do Tour 2018.

No Tour do ano passado, o ciclista texano caiu na primeira etapa. Uma garrafa na estrada fê-lo perder o controlo da bicicleta e, com a queda, somou várias fracturas e um corte profundo perto do olho esquerdo. O sangue escorria pela cara e pelo corpo, mas o norte-americano, sabe-se lá como, subiu para a bicicleta e prosseguiu.

O cenário mais evidente era desistir de ser o gregário de Rigoberto Urán, ir para casa recuperar das lesões sofridas e lamentar-se do azar que o dorsal 13 lhe trouxe. Mas nada se passou de acordo com a lógica.

Craddock não só decidiu continuar, como se envolveu numa acção solidária que pretendia angariar fundos para a reconstrução do velódromo Alkek, em Houston, devastado pelo furacão Harvey, em 2007. Por cada etapa do Tour concluída, Craddock doaria 100 dólares à maquia solidária.

“Há jovens e promissores ciclistas que estão sem se treinarem por conta da destruição do velódromo. Sem esta acção, provavelmente teria ido para casa”, reconheceu o norte-americano, que começou a carreira precisamente em Alkek.

A iniciativa tornou-se viral, recebeu outros apoios e terminou nos 250 mil dólares, muito acima do objectivo inicial. Em boa parte, porque Craddock – que se tornou o primeiro ciclista a ser o lanterna-vermelha do Tour em toda a competição – conseguiu completar todas as etapas.

Não era este o objectivo de Craddock no início do Tour, mas chegar aos Campos Elísios foi a meta mais nobre que o texano poderia tirar da prova gaulesa.

Por isso, o mundo do ciclismo queria Lawson Craddock de volta ao Tour, neste ano, agora em condições de mostrar que não é, apenas, um lutador, mas também um talento.

O ciclista acabou por ficar fora dos eleitos, mesmo sabendo-se que as valências de Craddock no contra-relógio, por um lado, e a capacidade de trabalho nas montanhas, por outro, poderiam dar à equipa uma contribuição interessante nas estradas francesas.

Acima dos “cronos” e das montanhas, deixar Craddock fora do Tour, depois do esforço hercúleo de 2018, foi uma desfeita tremenda a quem gosta de uma boa história de superação no desporto.

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