Um quarto dos jovens tem problemas associados ao uso da Internet

No estudo Comportamentos Aditivos aos 18 anos, cerca de um quarto dos jovens disse já ter tido algum tipo de problema nos 12 meses anteriores associado à utilização da Internet. Não houve diferenças relevantes entre rapazes e raparigas.

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PAULO PIMENTA

Cerca de um terço dos jovens inquiridos num estudo sobre comportamentos aditivos começou a usar Internet antes dos 10 anos e um em cada quatro disse ter problemas associados à sua utilização. O estudo Comportamentos Aditivos aos 18 anos, divulgado esta quarta-feira, 26 de Junho, resultou de um inquérito promovido pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) junto dos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional - 2018, realizado anualmente desde 2015.

A partir de uma lista de possíveis problemas, cerca de um quarto dos jovens mencionou que já tinha tido algum tipo de problema nos 12 meses anteriores, algo que associam à utilização da Internet, não se verificando diferenças relevantes entre rapazes e raparigas.

Os problemas mais mencionados são o rendimento na escola/trabalho (9,6%), seguindo-se as situações de mal-estar emocional (11,5%) e problemas com comportamentos em casa (9,6%).

Houve ainda 1,7% que disseram ter problemas de saúde, motivando assistência médica, 1,8% referiu problemas financeiros, 1,8% actos de violência, 1,4% conduta desordeira e 2,7% contaram ter relações sexuais sem preservativo.

A generalidade dos jovens inquiridos já teve contacto com a Internet, tendo a maioria (57,5%) iniciado a sua utilização entre os 10 e os 14 anos, 34% antes dos 10 anos e 7,2% aos 15 anos ou mais anos. Segundo o estudo, os rapazes declaram um início de utilização mais precoce do que as raparigas.

O computador portátil é o equipamento mais utilizado para aceder à Internet, referido por 63% dos jovens, seguido do smartphone. Os jovens foram inquiridos sobre três tipos de utilização da Internet: redes sociais, jogo (em particular o jogo de apostas) e pesquisas.

“A utilização das redes sociais é generalizada, tal como a realização de pesquisas na Internet. Por sua vez, cerca de metade dos jovens referem jogar online, sendo que 16% apostam online”, sublinha o estudo, que contou com a participação de 66.148 jovens, o que corresponde a 64% dos participantes do Dia da Defesa Nacional (103.324).

A maior proporção de jovens joga até três horas por dia, seja durante a semana ou ao fim-de-semana. No contexto do jogo a dinheiro, o tempo tende a ser um pouco inferior. No entanto, o estudo salienta que perto de 10% dos jovens mencionam jogar durante seis horas ou mais por dia, um valor que desce para 2% no caso dos que jogam a dinheiro durante este mesmo tempo.

“Uma vez que a prevalência de jogo e, em particular, do jogo de apostas, é superior entre os rapazes, as prevalências de jogo mais intensivo (seis horas ou mais por dia) são também superiores nos rapazes”, sublinha. Contudo, no contexto específico do jogo de apostas, não se observam diferenças relevantes entre jogadores e jogadoras quanto ao número de horas passadas a jogar.

Analisando o tempo de jogo como critério de jogo mais intensivo (seis ou mais horas por dia), o estudo verificou que entre 2015 e 2018 os valores percentuais se mantêm relativamente estáveis. “Entre 2017 e 2018 regista-se um ligeiro incremento da prevalência de jogo mais intensivo, a valorizar em função de evoluções futuras”, sublinha o SICAD.

Outra conclusão do estudo aponta que 4% dos jovens compraram cannabis através da Internet nos 12 meses anteriores ao inquérito, o que corresponde a 14% dos consumidores de canábis neste período.

A percentagem de jovens que mencionou adquirir outro tipo de substâncias é igual ou inferior a 1% quanto a cada substância, o que está de acordo com a menor prevalência de consumo destas substâncias por comparação com a cannabis.

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