Cartas ao director

 Diabolização do eucalipto

Ultimamente tem-se voltado a falar muito dos incêndios de 2017, procurando-se nalguns comentários diabolizar o eucalipto como muito responsável pelo que aconteceu. Ora o eucalipto não é uma praga, a sua raiz desenvolve-se na vertical e ao contrário de muitas árvores não se expande metros para além do seu tronco. Todavia quando este arde deve ser cortado de imediato e dos rebentos que surgem devem ser aproveitados apenas um ou dois e os restantes devem também ser cortados. Se isso for feito, poucos anos depois temos um novo eucaliptal, à custa dos rebentos que surgiram, o que compensa parte dos prejuízos sofridos quando do incêndio. O que não se deve é plantar eucaliptos em qualquer terreno e sem regras, como tem acontecido. Deve é atender-se ao terreno, ao seu acesso e ao número de árvores por hectare, com participação das autarquias.

Miguel Oliveira Rodrigues, Lisboa

A derrota de um autoritário

Foi bom ver o povo de Istambul dizer não ao candidato do senhor Erdogan, no que talvez seja o início do fim de um regime que tem violado os direitos humanos, mandando para a prisão todos os que se lhe opõem, incluindo jornalistas (inimigos de estimação do sultão do século XXI). A Turquia, membro antigo da NATO e equilibrador estratégico de uma zona importante para o Ocidente, bem merece uma democracia que o actual dono do país tem insistido em quase ignorar. Parabéns ao povo turco que desde Ataturk já teve ditadores que cheguem.

Manuel Alves, Lisboa

Verdades e inverdades sobre o SNS

Quem ouvir os noticiários das televisões e ler os jornais fica com a sensação de que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está num caos como nunca esteve. Eu, que fiz a minha “carreira médica” no SNS e que cheguei a Assistente Hospitalar Graduado, gostava de deixar o meu testemunho sobre muitas das opiniões que ouço, até de colegas. Quando dizem que um médico recém especialista tem de esperar quase um ano para ser colocado, na década de 80/90 esperei três anos para entrar no quadro do hospital, continuando a ganhar como interno de especialidade durante esses anos, quando já era especialista; quando dizem que no Verão os médicos têm de fazer muitas horas de urgência para compensar as férias dos colegas e coordenar o serviço com outros hospitais, posso dizer que estando numa Unidade de Cuidados Intensivos, tive de fazer pelos menos 48h de urgência por semana, nos meses de verão, estando a maior parte delas sozinho no serviço; quando dizem que um recém formado espera muito tempo para entrar na especialidade, posso testemunhar que esperei seis anos, como policlínico, para nela entrar, executando o mesmo serviço que os internos de especialidade e ganhando pela tabela de médico indiferenciado. Daqui se pode concluir que todos estes problemas são velhos como a Sé de Braga e que passaram muitos governos sem os solucionar. Há muito que fazer no SNS sem dúvida e o fim das “carreiras médicas” foi uma desgraça, mas não me venham atirar areia para os olhos com problemas antigos que nunca ninguém quis resolver.

José Carlos Palha, Vila Nova de Gaia

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