Cartas ao director

Direita/Esquerda

O artigo de Rui Tavares, contrariamente ao discurso dito tão viral de João Miguel Tavares do 10 de Junho, coloca pela primeira vez Portugal “à esquerda” no espectro político, a distinção entre uma sociedade de oportunidades para os talentosos e uma sociedade progressiva para os muitos. Esta é provavelmente a distinção mais clarificadora do debate direita-esquerda.

O discurso de JMT fica assim colocado à direita (os mais esforçados, os mais talentosos vão ascender e triunfar perante todos - os outros eventualmente “deixados para trás” se não tiverem talento ou não conseguirem impor-se por si próprios), onde pertence com justiça e o próprio desejará. O sistema é o melhor possível, não deve mudar, só deve ser oleado. Assim se compreende a escolha do orador pelo Presidente da República.

 A esquerda fica com a incumbência de fazer as suas políticas para “os muito”. Políticas de qualificação e de solidariedade. O espaço comum entre direita e esquerda: produtividade, inovação. Mesmo que não sejam neutras nessa clivagem ideológica.

As escolhas são mais claras. Obrigado aos dois distintos ideólogos.

José Elias de Freitas, Bruxelas

SIRESP

O governo “foi obrigado” a nacionalizar o SIRESP, onde foram enterrados centenas de milhões de euros. O SIRESP foi criado para nos proteger de catástrofes naturais, mas quando foi preciso foi o que se viu. A incompetência total verificada nos incêndios de 2017 devia ter levado o governo no imediato a nacionalizar o sistema, conforme foi exigido pelo PCP e o BE. Infelizmente para o povo português, isso não chegou, ainda foi preciso mais uma prova com o incêndio de Monchique no Algarve em 2018, para o governo então anunciar que iria tomar mais de metade das acções do referido sistema. Este sistema, como parceria, falhou como falharam quase todas as parcerias. Sabemos que os governos da política de direita - PS, PSD com ou sem CDS - governaram ao longo dos anos a transferir o interesse público para o sector privado, lucrando este e perdendo todos nós. Foi a privatização das empresas de energia que fizeram com que paguemos muito mais do que qualquer europeu da União Europeia, a electricidade e os combustíveis. Foram as parcerias nas auto-estradas que nos obrigam a pagar portagens mais caras do que em qualquer outro país da UE. É na Saúde em que os custos, como no caso da ADSE, são empolados e os utentes “roubados”. Foi a banca falida e resgatada com os nossos impostos, isto, é como diz o povo, “um fartar de vilanagem”.

Mário Pires Miguel, Reboleira

Lei de Bases da reflorestação 

Perante a anarquia na reflorestação do nosso país, diga-se anarquia económica e ambiental, seria corajoso da parte do governo desencadear a criação de uma Lei de Bases da reflorestação. Isto sempre que a mesma tivesse como retaguarda uma verdadeira política ambiental. Talvez devessem, para o efeito, recordar o que Ribeiro Teles defendeu durante dezenas de anos. As condições do ambiente são património mundial; as condições do ambiente em Portugal são o património dos cidadãos portugueses. Por tudo isto, um dever basilar do Estado será garantir aquilo a que temos direito como cidadãos (e Seres Humanos). Um Estado que não garanta estas condições não é um verdadeiro Estado. Crie-se a referida Lei de Bases da reflorestação.

Luís Filipe Rodrigues, Santo Tirso 

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