Detido suspeito de roubar relicário de igreja em Viana do Castelo

PJ de Braga deteve um homem de 25 anos suspeito por furto qualificado do relicário com os restos mortais do beato Bartolomeu dos Mártires, que foi recuperado na quinta-feira, em Viana do Castelo.

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fau fabio augusto

A Polícia Judiciária (PJ) de Braga deteve um homem de 25 anos suspeito por furto qualificado do relicário com os restos mortais do beato Bartolomeu dos Mártires, que foi recuperado na quinta-feira, em Viana do Castelo, foi hoje anunciado.

Em comunicado, a PJ de Braga adiantou que a peça de arte sacra “subtraída e já recuperada continha uma vértebra que se reputa pertencer ao arcebispo frei Bartolomeu dos Mártires, relíquia considerada de grande valor sentimental e objecto de grande devoção religiosa na diocese de Viana do Castelo”.

O homem, de 25 anos, “presumível autor de um furto qualificado de obra arte sacra foi detido ao final da tarde de quinta-feira e vai ser presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas”.

A PJ acrescentou que “o furto ocorreu durante a tarde” de terça-feira, na Igreja de São Domingos, na freguesia de Monserrate, em Viana do Castelo.

O alerta para o desaparecimento da relíquia foi comunicado à PSP local na terça-feira, cerca das 16h30. Por envolver uma peça de arte sacra, o caso foi comunicado à PJ de Braga, que tomou conta da investigação.

Na altura, contactado pela Lusa, o pároco da Igreja de São Domingos, Vasco Gonçalves, referiu que o relicário roubado, em metal dourado, “não tem grande valor comercial, mas o que contém no seu interior, a ossada do frei Bartolomeu dos Mártires, é de valor incalculável”.

“É incalculável pela devoção profunda das gentes da ribeira e da cidade de Viana do Castelo. Frei Bartolomeu dos Mártires é uma referência. Foi como se nos roubassem um bocado de nós próprios”, lamentou.

Relicário de novo exposto mas com mais segurança

Entretanto, o pároco de Monserrate disse que o relicário vai voltar a ficar exposto na igreja de São Domingos, mas de “uma forma mais segura”. “É uma peça de culto religioso que tem de ficar exposta para veneração dos fiéis, mas vamos ter de encontrar formas mais seguras para proteger a relíquia”, afirmou Vasco Gonçalves.

Contactado pela agência Lusa, o sacerdote disse estar “muito feliz”.

“É uma alegria muito grande. Costumo dizer aos paroquianos que o relicário de frei Bartolomeu dos Mártires é a nossa pérola. O nosso tesouro é o túmulo com os restos mortais de frei Bartolomeu dos Mártires que se encontra na igreja de São Domingos”, referiu. Vasco Gonçalves não soube especificar quando será devolvida à paróquia a peça. “Fomos informados de que, nos próximos dias, teremos de nos deslocar a Braga para identificar o relicário”, explicou.

O pároco disse estar convencido que o roubo do relicário “não se enquadra num acto de profanação religiosa, mas antes de desconhecimento do valor da peça, em metal dourado, que guarda os restos mortais de frei Bartolomeu dos Mártires”.

Em 2016, o Papa Francisco autorizou a canonização do beato Bartolomeu dos Mártires sem a atribuição de um milagre, processo que ainda não culminou.

Bartolomeu dos Mártires foi declarado venerável, a 23 de Março de 1845, pelo Papa Gregório XVI e beato, a 4 de Novembro de 2001, por João Paulo II.

O beato nasceu em Lisboa, em Maio de 1514, e entrou na Ordem Dominicana em 11 de Novembro de 1528, tendo sido eleito arcebispo de Braga em 1559. Morreu em Viana do Castelo a 16 de Julho de 1590.

Em Viana do Castelo ficou conhecido por ter mandado construir o Convento de Santa Cruz - depois designado de São Domingos, tal como a igreja contígua -, mas sobretudo pela sua dedicação aos pobres. Renunciou como arcebispo em 23 de Fevereiro de 1582 e recolheu-se no convento que mandou construir em Viana do Castelo, onde morreu a 16 de Julho de 1590.

Bartolomeu dos Mártires foi sempre apelidado pelo povo como o “arcebispo santo, pai dos pobres e dos enfermos” e insistiu, em vida, na deposição dos seus restos mortais naquele convento, numa altura em que a diocese local ainda não existia, sendo liderada por Braga.

Na segunda-feira, a mesma igreja foi alvo de uma tentativa de assalto, tendo a imagem de Nossa Senhora das Dores, “muito antiga”, sido “danificada”.

Na tentativa de assalto de segunda-feira, uma das sete espadas da imagem de Nossa Senhora das Dores foi arrancada para ser utilizada na abertura da caixa das esmolas e dos lampadários e acabou partida, obrigando ao seu restauro.

A imagem danificada pertencia à antiga igreja de Monserrate criada em 1621 e, entretanto, extinta em 1916.

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