Ao quinto dia, Rangel apostou numa “campanha intimista”

O social-democrata, que se recandidata pela terceira vez às europeias, está preocupado com problemas de quem vive nos territórios de baixa densidade.

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LUSA/TIAGO PETINGA

Paulo Rangel chamou-lhe “campanha intimista”. O cabeça de lista dos sociais-democratas ao Parlamento Europeu quis encontrar-se com agricultores e produtores da zona de Celorico de Beira, no distrito da Guarda, para perceber quais são os seus problemas e decidiu reuni-los à volta de uma mesa num local reservado, num ambiente “mais intimista”. Foi uma forma de dar voz ao interior do país, que vive tempos difíceis por causa da desertificação e da falta de mão-de-obra para trabalhar na agricultura. Assim, os territórios de baixa densidade entraram na campanha do PDS ao quinto dia de Paulo Rangel na estrada, a tentar conquistar apoios.

“É fundamental quando se está a fazer uma campanha eleitoral não trabalhar apenas para os sítios onde há votos”, começou por dizer o candidato na intervenção durante almoço. “É muito importante que percebamos que, se os políticos em campanha se limitarem a ir apenas aos sítios onde está a concentração de votos, é evidente que o país vai continuar neste desequilíbrio enorme entre litoral e interior em que todos perdem”, advertiu.

“Os políticos falam contra a desertificação, mas depois não fazem nada para combatê-la”, insurgiu-se um dos comensais, referindo que a região assiste sem nada poder fazer à saída das pessoas que “fogem todas para o litoral”. E “sem pessoas morre tudo, nada tem continuidade, este é o grande desafio dos senhores políticos: trazer pessoas para o interior”, resumiu o agricultor. As queixas foram muitas e Rangel tomou nota delas, tendo-se comprometido a dar uma ajuda naquilo que estiver ao seu alcance em Bruxelas. Álvaro Amaro, que integra a lista do PSD às europeias, vai ficar com área da coesão e poderá passar por ele algumas das respostas para os problemas que os agricultores e produtores levantaram.

O quinto dia de campanha do PSD começou em Trancoso, logo pela manhã. O frio que fazia na altura cortava a respiração, mas o candidato não se deixou intimidar e, com um molhe de canetas numa mão e boletins de campanha na outra, foi para a feira apelar ao voto na sua lista. No final da visita, os jornalistas questionaram-no se não temia vir a tornar-se no novo “Paulinho das feiras”. Rangel negou e disse sentir-se “muito à vontade” nestes ambientes.

A caravana social-democrata rumou ao final da manhã a Celorico da Beira para conhecer a Queijaria Artesanal Casa Agrícola dos Arrais, um negócio familiar de produção de queijo da Serra da Estrela. Durante a visita, Rangel foi surpreendido com o rebanho de cerca de duas centenas de ovelhas da raça autóctone (bordaleira), que o dono da queijaria, Mário Silva, muito preza. Perante tanta agitação, algumas das ovelhas acabaram por pular a cerca, o que levou Paulo Rangel a perguntar: “Estão assustadas?” Os jornalistas aproveitaram o momento e desafiaram Paulo Rangel a dizer qual era a ovelha negra da campanha que lidera. “Não há nenhuma ovelha negra, apenas há o rebanho”, respondeu, arrumando o assunto.

Mais tarde, na Guarda, o candidato do PSD fez mais um teste à sua popularidade, com uma arruada. Na companhia de Álvaro Amaro, Rangel andou pelo centro da cidade e, desta, vez teve direito a bombos. Um grupo de jovens de Gonçalo – a única vila da Guarda – esmerou-se afazer com que comitiva do PSD não passasse despercebida. E não passou.

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