Partidos reagem a polémico apelo ao voto e nem todos dão o assunto por encerrado

PS desvaloriza publicação do Patriarcado de Lisboa a apelar ao voto em algumas forças partidárias. Bloco não esquecerá. CDS diz que não se confunde com aquele patriarcado.

Nuno Melo (CDS)
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Nuno Melo (CDS) LUSA/ANTÓNIO COTRIM
Pedro Marques (PS)
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Pedro Marques (PS) LUSA/MIGUEL A. LOPES

Os partidos começaram a reagir à manchete do Diário de Notícias de acordo com a qual o Patriarcado de Lisboa, ou de alguém do patriarcado, apelou ao voto em alguns partidos, nomeadamente nos centristas, através de uma partilha em redes sociais. Nem todos compreendem a “imprudência” da publicação, palavra que a entidade utilizou para se justificar.

“O CDS não é o patriarcado. Portanto, o CDS não pode responder a qualquer entidade que queira falar no CDS”, afirmou Nuno Melo. “Nenhuma entidade tem de fazer apelos, mas nós, infelizmente, levamos a vida, no CDS, a assistir a vários apelos de muitas entidades em relação a outros partidos e nunca notei essa situação”, acrescentou.

Questionado sobre se o incomoda ver o CDS junto, no apelo, ao partido Chega, o cabeça de lista dos centristas afirmou: “Isso equivale a perguntar se incomoda a qualquer partido ter o símbolo com todos os outros no boletim de voto. Nós estamos lá juntos.” Por outro lado, Nuno Melo lembrou que os jesuítas questionaram todos os partidos concorrentes às europeias sobre o que a União Europeia pode fazer pelos refugiados e o “e o CDS foi dos poucos que responderam.”

Também o socialista Pedro Marques comentou o assunto para o dar por encerrado. À saída da reunião com o Rui Moreira, à porta da Câmara do Porto, o candidato socialista disse que tomou “conhecimento de um evento relativamente a essa matéria”, assim como também tomou “conhecimento da posição do próprio patriarcado, que já retirou qualquer referência a questões partidárias ou do sentido de voto”. “Não relevo mais a matéria do que isso, uma vez que o patriarcado já esclareceu que houve qualquer coisa que ocorreu e que foi corrigida, que se tratou de um lapso. Para mim, é assunto encerrado”, concluiu Pedro Marques.

A retirada do post e o reconhecimento do erro resolve o assunto também para o comunista João Ferreira, para quem o “fundamental é que todos, crentes e não-crentes, tenham total liberdade de voto”. O recandidato ao Parlamento Europeu aproveitou para afirmar que as preocupações da CDU sobre a necessidade de “resposta a situações de injustiça social, de melhoria de distribuição dos rendimentos, e de promoção da igualdade vão ao encontro das preocupações de muitos católicos e não-católicos”.

Entretanto, numa nova publicação no Facebook ao final da tarde de quinta-feira, o departamento de comunicação Patriarcado de Lisboa reconheceu o erro “de um dos seus gestores” e reafirmou "a isenção do Patriarcado na orientação do voto de cada eleitor”, apelando aos “portugueses [que] exerçam o dever de voto e diminuam a abstenção”.

Bloco não esquece

O deputado José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, não reagiu da mesma forma. “Não esqueceremos o post da Federação Portuguesa pela Vida, não esqueceremos que foi publicado na página do patriarcado e não esqueceremos que foi retirado por ‘imprudência’. Desgraçadamente, vamos ter que nos lembrar muitas vezes que imprudente é deixar crescer o fanatismo”, escreveu o bloquista naquela rede social.

Mais tarde, Marisa Matias acrescentou: “Temos consciência de que a esmagadora maioria dos cristãos prezam valores como a tolerância, a liberdade e não têm em conta, sequer, o discurso do ódio. Lamentamos que o Patriarcado tenha feito esta publicação, mas reconhecemos que a retirou numa atitude que classificou de imprudente”, disse a cabeça de lista do BE às eleições europeias, em Coimbra, ao lado do deputado bloquista católico, José Manuel Pureza.

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