Acidente com estudantes portugueses na Hungria mata jovem de 16 anos

A vítima mortal é uma jovem portuguesa de 16 anos de uma escola de Faro. Um outro aluno ficou ferido no acidente, mas está livre de perigo. Miniautocarro onde seguiam alunos e professores portugueses foi abalroado por outro veículo.

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Preparavam-se para regressar a Portugal depois de terem terminado um período de estudo na Hungria ao abrigo do projecto de intercâmbio escolar Comenius, do programa Erasmus+. Seis estudantes do 10.º ano da Escola Pinheiro e Rosa, em Faro, e dois professores, viajavam de madrugada num miniautocarro que os ia levar ao aeroporto de Budapeste, de onde apanhariam o avião de volta para Portugal.

A cerca de 70 quilómetros do destino, cerca das 04h da manhã, a viatura em que seguiam foi abalroada por um outro veículo e embateu contra os rails de protecção da estrada. O acidente acabou por vitimar uma aluna de 16 anos. Um outro estudante ficou ferido, mas está livre de perigo - sofreu uma fractura na clavícula. Em comunicado, as autoridades húngaras confirmam que o acidente ocorreu na localidade de Cegléd.

Segundo apurou o PÚBLICO, a mãe da jovem que morreu vai viajar esta sexta-feira de avião para a Hungria, onde estará acompanhada pelo embaixador de Portugal em Budapeste. De acordo com informação revelada ao PÚBLICO, a jovem tem dois irmãos (Laura é a filha do meio). Os estudantes e os professores que saíram ilesos do acidente devem regressar a Faro ainda hoje.

Na escola Pinheiro e Rosa a notícia foi recebida esta manhã e de imediato se decidiu pelo encerramento de todas as actividades lectivas pelo menos até segunda-feira.

A confirmação do acidente e da morte da adolescente portuguesa chegou pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas que referiu que tinha entrado em contacto com os pais da aluna falecida. 

O caso está a ser acompanhado pela Embaixada portuguesa na Hungria, que “está a desenvolver todas as diligências com as autoridades” para garantir apoio “quer em relação à família da [jovem] que acaba de falecer, mas também em relação [ao rapaz] que está hospitalizado com ferimentos graves”, afirmou José Luís Carneiro​.

“Uma intervenção para ajudar no processo de luto”

Contactada pelo PÚBLICO, Patrícia Romão, especialista em psicologia clínica e terapeuta familiar, explica que o sucedido pode ter um impacto negativo nos alunos, professores e familiares das vítimas caso não haja uma intervenção. “O que acabou de acontecer é uma espécie de catástrofe”, começa por explicar Patrícia Romão, acrescentando que é necessária uma intervenção em grupo a todos os estudantes e professores que estavam no autocarro e colegas da turma da vítima, assim como apoio ao nível familiar.

“Aconteceu aqui uma situação de trauma que vai gerar ansiedade nestas pessoas”, diz a especialista, notando ainda que, caso não haja uma intervenção, corre-se o risco de os afectados ficarem “sob o efeito de stress pós traumático”.

“Ou seja, os pais, sempre que houver uma situação de discussão, terem medo que possa acontecer um acidente aos filhos. Mesmo os próprios meninos podem ficar com receio de que lhes aconteça qualquer coisa ou podem começar a ficar com receio do dia-a-dia, porque se apercebem de uma questão que é a mortalidade”, nota Patrícia Romão.

A especialista em psicologia clínica explica que “normalmente as crianças não têm muito a noção do que é a morte”, acreditando que “são seres omnipotentes e que nunca lhes vai acontecer nada”. Já os adolescentes, diz, “vão ganhando esta percepção da morte e dos riscos”. “Neste momento, apercebem-se de que eles também podem morrer e que podem morrer assim de repente”, sublinha Patrícia Romão.

Tais acidentes podem ter também impacto nos pais dos alunos, aumentando o nível de preocupação. “É como se fosse uma catástrofe, portanto vai gerar alarme. Agora, nós precisamos de nos fundamentar através das estatísticas e de perceber que isto não está sempre a acontecer”, refere a especialista.

Neste sentido, é essencial avançar com “uma intervenção na crise para ajudar no processo de luto” e “baixar os níveis de ansiedade destas pessoas para que possam perceber que isto foi uma situação pontual”.

Marcelo lamenta a morte da jovem portuguesa

O Presidente da República lamentou a morte da jovem portuguesa de 16 anos num acidente de viação na Hungria, salientando a “importância do apoio de toda a comunidade escolar nestes momentos difíceis”.

Numa nota publicada no site da Presidência da República, é indicado que Marcelo Rebelo de Sousa já contactou a família da jovem. “Neste momento de luto para a toda a comunidade da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa em Faro, em particular para os familiares da aluna tragicamente falecida no acidente de viação na Hungria, o Presidente da República, que já falou com a mãe da vítima mortal, apresenta a sua solidariedade e sentidas condolências, desejando ainda a rápida recuperação do aluno ferido e um tranquilo regresso a casa aos restantes jovens e professores envolvidos no acidente”, lê-se na nota.

Ao PÚBLICO, o chefe de gabinete do presidente da câmara de Faro, Henrique Ascenso Gomes, garantiu que a autarquia está a acompanhar o caso junto das autoridades e das famílias das vítimas. Numa nota de condolências, a câmara de Faro sublinha que enviaram “todos os esforços para que este doloroso processo se desenvolva com celeridade”.

As actividades lectivas nos estabelecimentos escolares que pertencem ao Agrupamento de Pinheiro e Rosa estão interrompidas até segunda-feira.

O Ministério da Educação também já lamentou o sucedido e refere, em comunicado, que “foi já disponibilizado apoio psicológico às famílias dos estudantes, bem como à comunidade escolar em geral”.

“Os responsáveis do Ministério da Educação estão em contacto próximo com a direcção da Escola, com a Câmara Municipal de Faro e com a Embaixada Portuguesa para que, em conjunto, seja feito o acompanhamento de toda a situação e das necessárias diligências”, refere o Ministério da Educação.

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