Elas sonham com o estrelato k-pop — porque as japonesas também podem ser “assim tão cool

REUTERS/Kim Hong-Ji
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Yuuka Hasumi tem 17 anos e um sonho comum a muitos outros japoneses: o de se tornar uma estrela de k-pop. Em Fevereiro, a jovem voou até Seul, onde agora se encontra, para ter aulas de canto, de dança e de coreano na academia sul-coreana Acopia, uma organização que tem programas de estágio que preparam os jovens para audições com agências de caça-talentos. É, segundo a Reuters, “a força motriz da cultura pop sul-coreana que explodiu no palco mundial na última década”. “Treinar intensivamente e aperfeiçoar ao limite as minhas aptidões deixar-me-á pronta a estrear [nos palcos de k-pop]”, diz Yuuka, convictamente, à agência noticiosa. Cada aluno paga cerca de 2700 euros por mês para receber formação – uma quantia que cerca de 500 japoneses não se importam de pagar para ter um vislumbre de uma vida de estrelato.

Rikuya Kawasai, de 16 anos, tem noção que será, um dia, criticada por ser uma japonesa "infiltrada" no mundo da k-pop, mas deseja, ainda assim, subir ao palco e mostrar a todos os sul-coreanos que “é possível haver um japonês assim tão cool”. A sua audição para a entrada na Acopia foi um fiasco. Terá de tentar novamente no próximo ano. Rikuya, à semelhança de todos os futuros pupilos da academia, sabe que terá de abdicar de tempo livre, de telefones e até de namorados para poder frequentar a escola, mas nem isso a detém. Também Nao Niitsu, de 19 anos, está disposta a tudo. “Ouvi algumas histórias de alunos que deixaram de ter tempo livre e a liberdade de fazerem o que lhes apetece. Mas acho que todas as estrelas da k-pop que conhecemos trilharam o mesmo caminho.” Niitsu já fez audições para dez agências e foi aceite em cinco.

Miyu Takeuchi é, há dez anos, membro de uma banda de j-pop de culto, no Japão – os AKB48 –, mas não teve pena de abandonar tudo para se tornar aluna da agência de k-pop Mystic Entertainment. Apesar de ser uma artista experiente, Miyu passa sete horas por dia em treino vocal, tem aulas de dança duas vezes por semana e frequenta todas as manhãs aulas de coreano. Não lhe é permitido ter um namorado, mas Miyu não se arrepende da opção que tomou – apesar de nada garantir que consiga afirmar-se no universo k-pop. “Não sei quanto tempo durará a minha formação, mas creio que chegará a um ponto em que os meus professores e a direcção me dizem ‘Miyu, agora és uma profissional”, disse à Reuters.

O talento japonês já deu frutos no panorama musical sul-coreano. Três das jovens que integram o grupo Twice são japonesas — é, a seguir aos famosos BTS, a banda mais popular no Japão. O seu sucesso foi impulsionado pela JYP Entertainment, a agência sul-coreana que, dizem os rumores, quer criar uma banda composta apenas por japoneses. O boato não podia ser mais animador para estas jovens, mas a JYP recusou, no entanto, confirmar essa informação à Reuters.

A invasão de talento japonês na cena do k-pop é alheia, porém, à tensão diplomática que existe entre os dois países —que encontra raiz no processo de colonização japonesa da Coreia do Sul. Existe a percepção, entre os sul-coreanos, de que o Japão não se mostrou ainda suficientemente apologético ou arrependido relativamente aos erros que cometeu durante esse período, motivo por que o ressentimento se mantém. Contudo, a tensão diplomática em nada diminui a atracção dos jovens japoneses por este estilo de música ou a abertura das academias sul-coreanas ao talento nipónico. Lee Soo-Chul, membro da fundação Seoul-Tokyo Forum, que há muito acompanha o crescimento do fenómeno nos dois países, afirma despudoradamente que os japoneses enchem salas de espectáculos para ver concertos de bandas de k-pop e que são, particularmente, “loucos pela banda BTS”. “A animosidade Coreia-Japão não existe [neste contexto]”, observa.

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