Sporting fez o Belenenses SAD sofrer por dois “pecados Muriais”

Com este resultado, os “leões” alimentam a ténue esperança de ainda terem um lugar na Liga dos Campeões.

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A festa dos jogadores do Sporting LUSA/ANTONIO COTRIM
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Não foram sete pecados, como no filme, mas foram dois. E chegaram. Aproveitando dois “pecados Muriais”, que se tornaram mortais, o Sporting esmagou o Belenenses SAD, por 8-1, numa partida na qual Muriel Becker tratou de facilitar um jogo já de si presumivelmente difícil para os “azuis”.

Para o Sporting, tratou-se de receber os “presentes”, “abri-los”, agradecer e usá-los da forma certa: nona vitória consecutiva na I Liga e o alimentar da ténue esperança de ainda ter para si um lugar na Liga dos Campeões (precisa de vencer nas últimas duas rondas – Tondela e FC Porto) e esperar que os “dragões” escorreguem na Madeira, frente ao Nacional.

Quanto ao jogo, parece bizarro reduzir uma goleada por 8-1 a dois erros do Belenenses SAD, neste caso do guarda-redes Muriel, mas a verdade é que foram eles que espoletaram o “amasso” desta tarde.

Ainda assim, o resultado deste domingo, no Jamor, não se explica, apenas, pelas ofertas individuais de Muriel. O Belenenses SAD sofreu, antes de qualquer outra coisa, pelo “pecado moral” de fixação a uma matriz: a ideia de sair a jogar desde trás, com bola no pé, é elogiável – ninguém se atreverá a dizer que o “chutão” é mais bonito –, mas deve ser doseada com nexo. 

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Isto equivale a dizer que parece ter pouca lógica insistir em sair a jogar com passes curtos em zona defensiva quando o adversário tem o bloco tão adiantado como o Sporting tinha. Mais: adiantado e com os jogadores “leoninos” a taparem as três linhas de passe mais próximas de Muriel.

O Sporting subiu ao Jamor com a equipa muito adiantada, mais ainda do que é habitual, certamente sabendo da ideia-base do Belenenses SAD, sempre apostado em sair a jogar desde trás. O Sporting sabia que aí estava o “ouro”, porque poderia recuperar bolas em zonas adiantadas.

Isto aconteceu aos três minutos, com uma primeira oferta do Belenenses SAD desperdiçada por Luiz Phellype e Gudelj, e aconteceu aos dez minutos, com resultados piores: Muriel ofereceu o “presente” a Raphinha, que se limitou a receber, puxar para o pé direito e enviar a bola para a baliza deserta. Quarto golo do brasileiro na Liga e jogo desbloqueado.

Aos 20 minutos, veio o segundo “pecado moral” do Belenenses SAD. Sim, é elogiável que uma equipa não faça uma marcação individual a um jogador – até pela forma como isso condiciona o posicionamento defensivo da equipa –, mas há limites: o limite é ter alguém, no mínimo, a vigiar os movimentos de um jogador como Bruno Fernandes, que gozou de tempo e espaço para tudo desde o início do jogo.

Aos 20 minutos, usou-os para fazer um passe tremendo para Raphinha, a rasgar uma defesa a três que estava mal posicionada (Cleylton, o jogador do meio, estava muito perto da linha dos dois colegas de sector). Raphinha correu, correu, correu e foi derrubado por um infeliz Muriel, que foi expulso.

No lance não se aplica a “benesse” do fim da tripla penalização, dado que, sendo uma falta cometida fora da área, o facto de Muriel ter tentado jogar a bola não significa, por si só, que deva deixar de ser expulso pelo corte de clara oportunidade de golo.

Com Bruno Fernandes ainda mais livre para jogar, os leões chegaram, com naturalidade, ao 2-0, num lance em que o português assistiu, de calcanhar, para um remate rasteiro de Luiz Phellype, aos 45'+1’. Sétimo golo em sete jogos, para o brasileiro, que voltou a jogar bem em apoios frontais (algo que Dost não faz).

A segunda parte teve pouca história e pouco mais merece do que um relato cronológico dos golos: o Belenenses SAD ainda fez o 2-1 – marcou Licá, num lance criado por um mau passe de Mathieu –, mas isso de pouco mais serviu do que “acordar o leão” que tinha vindo adormecido do intervalo.

O Sporting marcou aos 65’, por Gudelj, num remate de fora da área, aos 69’, por Bruno Fernandes (penálti ganho por Luiz Phellype), aos 76’, novamente pelo médio (chegou aos 30 golos e passou a ser o médio com mais golos apontados numa só época nos campeonatos europeus, ultrapassando o brasileiro Alex, que tinha feito 28 pelo Fenerbhace), aos 78’, por Bas Dost, que regressou à competição e aos golos, novamente por Bruno Fernandes, a completar um hat-trick (84') e, por fim, por Doumbia (90').

O hat-trick de Bruno Fernandes colocou-o, com 19 golos, a dois de Seferovic na lista de melhores marcadores. Para além da Taça de Portugal e de uma ténue esperança de ainda chegar à Champions, o Sporting pode ter arranjado um novo objectivo para o final de época: Bruno Fernandes ser o melhor marcador da Liga.

A goleada surgiu pela qualidade individual do Sporting e pelo desnorte de uma equipa reduzida a dez, sim, mas a derrota, em primeira instância, foi fruto dos erros de um Belenenses SAD que exagerou nas convicções que tem. Valeu a pena? Talvez não.

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