Em quatro anos, número de alunos no ensino superior privado cresceu 18%

Dados do Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior mostram que nos estabelecimentos públicos o aumento ficou-se pelos 5% entre 2015 e 2019.

Foto
Nelson Garrido

Depois de uma queda acentuada nos anos de crise, o número de estudantes inscritos no ensino superior privado está a crescer. E muito mais rápido do que no público. Entre 2015 e 2019, o aumento no privado foi de 18% — de 55.984 para 66.080 — contra apenas 5% nas universidade e politécnicos públicos — de 290.363 para 304.733.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Depois de uma queda acentuada nos anos de crise, o número de estudantes inscritos no ensino superior privado está a crescer. E muito mais rápido do que no público. Entre 2015 e 2019, o aumento no privado foi de 18% — de 55.984 para 66.080 — contra apenas 5% nas universidade e politécnicos públicos — de 290.363 para 304.733.

Os dados, publicados nesta sexta-feira pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e da Ciência (DGEEC), fazem parte do inquérito ao Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior (RAIDES) em 2018/2019 e referem-se apenas aos matriculados no 1.º semestre. O aumento foi mais significativo no sector privado: nos politécnicos foi de 30% e nas universidades de 13,4%. 

Mas o que explica este crescimento mais acentuado no número de inscritos nos estabelecimentos privados? João Redondo, presidente da Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado, sugere duas possibilidades. Por um lado, “o reconhecimento” de que estas instituições já não são “as sobras” das universidades públicas. E, por outro, o facto de, nos últimos três anos, se registar um aumento no número global de candidatos ao ensino superior.

Quanto ao futuro, “até 2020 há uma tendência de crescimento [do número de inscritos]”. A partir de 2021 a expectativa é que “as coisas estabilizem ou que até possam ter uma pequena regressão nos primeiros ciclos, mas um reforço nos segundos [os mestrados]”, aponta João Redondo.

Apesar do rápido crescimento dos privados, os estabelecimentos públicos continuam a ser, de longe, a principal escolha dos estudantes portugueses. Mais de 80% estavam inscritos neste tipo de estabelecimentos no primeiro semestre deste ano lectivo. E só 18% estavam no privado.

Mestrados e doutoramentos no público

Voltando às diferenças nos últimos quatro anos, o número de alunos inscritos cresceu mais nos doutoramentos (12%) e menos nas licenciaturas (3,2%). Nos mestrados, o crescimento foi de 8,4%.

À medida que se avança nos ciclos de estudos, o peso do sector público é maior: 78,7% dos alunos de licenciatura estão em instituições do Estado; a percentagem passa para 86% nos mestrados e para 93% nos doutoramentos.

Neste período também se registou um aumento maior no número de mulheres inscritas (9%) do que de homens (5%).

Outro indicador que consta no RAIDES é a nacionalidade dos estudantes. Em Portugal, há alunos no ensino superior vindos de países tão diversos como a Nicarágua, Tajiquistão ou Roménia. Mas as nacionalidades mais representativas em 2018/2019 são Brasil, Angola e Cabo Verde — representam 50% do total de estudantes estrangeiros. Os portugueses representam 86%.