Tatiana liberta o passado com sensualidade

Na sua segunda exposição individual na Galeria Carlos Carvalho, Tatiana Macedo faz-nos reflectir sobre o modo como julgamos os retratos do nosso passado, resgatando a relação entre uma mulher, Bela, e o homem que a fotografou em Angola em 1973 e 1974.

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Dispostas horizontalmente, como se fossem objectos, esculturas, as imagens fotográficas de uma jovem mulher branca em África Rui Gaudêncio

Dispostas horizontalmente, como se fossem objectos, esculturas, as imagens fotográficas daquela mulher intrigam o observador. Oferecem-se e escapam-se ao seu olhar. Quem é ela? E quem, do outro lado, a fotografou? Em que paisagens? Em que tempo? Aos poucos, algumas respostas vão surgindo com enigmas. Permanecemos num espaço intermédio, preenchido por ecos, sentidos, trânsitos, palavras. E esse espaço chama-se Afri-Cola, a nova exposição de Tatiana Macedo (Lisboa, 1981) na Galeria Carlos Carvalho, em Lisboa. A artista de ascendência angolana, distinguida há quatro anos com o prémio SONAE Media Art, reconfigura em Lisboa um projecto iniciado em 2016, na cidade Berlim. Diga-se de outro modo, os trabalhados apresentados na capital alemã são os que podemos ver, até 1 de Junho, na galeria lisboeta. Só mudou o contexto histórico, social e político. Volte-se aos retratos daquela enigmática mulher, à volta dos quais vamos circulando. “São fotografias da minha tia, Bela, tiradas nos arredores de Luanda, em 1973 e 1974”, revela a artista. “Era um amigo mais velho que fazia estes retratos. Um fotógrafo profissional que gostava de a fotografar. Ela contou-me que ele aparecia do nada, à saída da escola, por exemplo. E ia fotografando-a, na praia, na paisagem”.

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