A força socialista e o descalabro da JxCat na Catalunha

Sondagem dá a vitória ao PSC e metade dos deputados para a coligação de Puigdemont. Partido de Junqueras ganha mais espaço entre os independentistas

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Gabriel Rufián, número dois da ERC, com a fotografia de Oriol Junqueras em fundo MARTA PEREZ/Lusa

Oriol Junqueras, o ex-vice-presidente do Governo da Catalunha, conseguiu nesta terça-feira uma pequena vitória, ao ser-lhe permitido pela Junta Eleitoral Central dar uma conferência de imprensa no âmbito da campanha eleitoral. Junqueras, que é candidato a deputado nacional pela Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), vai responder por videochamada à conferência organizada pela Agência Catalã de Notícias.

É o mais próximo que um dos principais líderes independentistas catalães vai poder estar da campanha eleitoral, por estar ainda detido preventivamente enquanto espera pelo desfecho do julgamento no Tribunal Supremo espanhol.

Um ano e meio passado da declaração unilateral de independência e depois de forçarem a queda do Governo de Pedro Sánchez ao se recusarem a aprovar o Orçamento do Estado, os independentistas catalães parecem sofrer as consequências do seu pisar do risco secessionista.

A mensagem de Sánchez é clara: “Se virmos as leis constitucionais ou do Estatuto de Autonomia na Catalunha violadas mais uma vez, o Estado de direito liderado por este Governo agirá com força e proporção em relação a qualquer desafio”.

Resposta dura para a exigência desde Barcelona de um referendo de autodeterminação desta vez aceite pelo Governo central, depois da ilegalizada consulta popular de 2017.

Depois de mostrarem alguma abertura para as reivindicações de Quim Torra, o presidente do Governo catalão, abrindo o flanco até a acusações de traição ao primeiro-ministro por parte da direita, o PSOE não perdoa que os catalães tivessem tirado o tapete ao seu Executivo ao não aprovarem o orçamento.

Com o fervor nacionalista acirrado pelas acções políticas na Catalunha – cuja consequência visível está no aumento exponencial de apoio ao partido de extrema-direita Vox –, a dureza dos socialistas advém da realidade apontada pelas sondagens de que os socialistas poderão conseguir formar Governo sem os independentistas catalães.

A última sondagem do La Vanguardia coloca mesmo os socialistas catalães à frente, com 29% das intenções de voto e a possibilidade de eleger 18 deputados, no que a confirmar-se seria uma subida vertiginosa dos socialistas desde os sete deputados de 2016 e um balde de água fria no movimento independentista.

Os números da sondagem trazem boas notícias para Junqueras e a ERC (que podem passar de nove para 15 deputados e assumirem uma posição mais hegemónica no campo independentista) e péssimas para a coligação Junts per Catalunya (JxCat), do exilado ex-presidente Carles Puigdemont e de cujas fileiras saiu o independente Torra. A confirmarem-se os quatro deputados, seria apenas metade do conseguido em 2016 pela Convergência Democrática da Catalunha de que é herdeira.

Esta quarta-feira, sinal de que hoje a sua luta não é a de Madrid contra Barcelona, a ERC apelou aos partidos de esquerda que formem uma “frente” comum contra o fascismo e a extrema-direita no Congresso de Deputados que sair das eleições de 28 de Abril. “Fazemos um apelo a que a esquerda seja de esquerda, é a única maneira de parar esta gente”, afirmou o número dois da lista da ERC, Gabriel Rufián.

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