Gulbenkian vai mudar de instalações em Paris

Delegação da fundação vai agora dividir-se por dois pólos, entre o bairro de Saint-Germain-des-Prés e a Cidade Universitária. Mais baratos, com menos espaço, mas com mais dinheiro para a programação cultural.

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A biblioteca da Gulbenkian em Paris vai agora passar para a Casa de Portugal na Cidade Universitária Rui Gaudêncio

A Fundação Gulbenkian vai voltar a mudar de instalações em Paris: a partir de Janeiro de 2020, vai abandonar o edifício que actualmente ocupa no Boulevard de la Tour Maubourg e instalar-se em dois pólos, um na fundação Maison des Sciences de l’Homme, perto do bairro de Saint-Germain-des-Prés; outro na Casa de Portugal, na Cidade Universitária, a sul da cidade.

Em comunicado distribuído esta sexta-feira, a Gulbenkian anuncia que os contratos com as novas entidades já foram assinados, e justifica a mudança com a aposta numa “maior centralidade” e em dois eixos fundamentais: “o cruzamento da cultura portuguesa com a francesa e o posicionamento da fundação no debate europeu de defesa dos valores de abertura e tolerância”.

Para o primeiro espaço, a fundação vai transferir os serviços que funcionam na actual delegação; a excepção será a biblioteca, a ser instalada numa nova sala na Casa de Portugal André Gouveia, onde já decorrem obras para esse efeito.

Miguel Magalhães, director da delegação parisiense da Gulbenkian, admitiu ao PÚBLICO que as razões económicas também pesaram na mudança. Mas garantiu que a poupança que a fundação vai fazer deixando de pagar o aluguer do actual edifício de cerca de 1500 metros quadrados – cujo montante não quis avançar – vai ser revertida em parte no “reforço da programação cultural”. E desvalorizou a diminuição, tanto do espaço disponível como da dimensão da biblioteca na sequência da sua transferência.

“No conjunto das novas instalações nos dois pólos, deveremos passar a dispor de cerca de 700 metros quadrados”, especificou Miguel Miranda. Explicou, no entanto, que a biblioteca – várias vezes apresentada como a maior de língua portuguesa na Europa fora de Portugal – irá continuar a ser redimensionada para prestar serviço principalmente aos estudantes e investigadores, e daí a opção pela localização na Cidade Universitária, alargando o seu público-alvo.

“No início, a Gulbenkian apostou numa biblioteca generalista, mas ultimamente tem-na actualizado e direccionado para as áreas da História, Estudos Literários, Sociologia, Artes e Arquitectura” – diz Miguel Magalhães –, ao mesmo tempo que a parte que fica de fora tem vindo a ser doada a outras instituições.

O gabinete de comunicação da Gulbenkian, em Lisboa, confirmou ao PÚBLICO um reforço do orçamento para as actividades culturais no próximo ano, “que poderá ir até mais 50 por cento do que os actuais 600 mil euros” adstritos a esse serviço. Mas a fundação põe a tónica na “nova centralidade” que será conquistada com os dois novos pólos. “Ao estabelecer parcerias com instituições francesas de mérito reconhecido, a fundação quer aumentar o impacto dos artistas nacionais que, num meio tão competitivo, terão assim uma maior visibilidade nos circuitos culturais e artísticos”, diz o comunicado, que anuncia também a continuação, no novo espaço de Saint-Germain-des-Prés, do ciclo de conferências Diálogos Gulbenkian, comissariado pelo politólogo Ricardo Soares de Oliveira, em colaboração com o Instituto Jacques Delors; e também o reforço na programação das artes visuais.

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