PSD prudente quanto à subida nas intenções de voto para as europeias

Direcção do partido trava euforias e acredita que as escolhas feitas para a lista ao Parlamento Europeu contribuíram para o crescimento do PSD na sondagem da Aximage.

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Sondagem sobre europeias mostra PSD a subir 50% em dois meses Paulo Pimenta

É com “muita prudência” que o PSD reage à subida expressiva que teve na última sondagem da Aximage sobre as europeias, que mostra o partido a crescer cerca de 50% em dois meses. Porque é que o PSD acha que subiu na sondagem que lhe atribui 29,1% das intenções de voto em Março, quando em Janeiro se ficava pelos 19,8%? Como explicar esta evolução, também patente na projecção divulgada nesta sexta-feira pelo Parlamento Europeu? A desaceleração da economia é apontada como a principal razão para o crescimento dos sociais-democratas. Mas há mais.

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É com “muita prudência” que o PSD reage à subida expressiva que teve na última sondagem da Aximage sobre as europeias, que mostra o partido a crescer cerca de 50% em dois meses. Porque é que o PSD acha que subiu na sondagem que lhe atribui 29,1% das intenções de voto em Março, quando em Janeiro se ficava pelos 19,8%? Como explicar esta evolução, também patente na projecção divulgada nesta sexta-feira pelo Parlamento Europeu? A desaceleração da economia é apontada como a principal razão para o crescimento dos sociais-democratas. Mas há mais.

O ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Maduro, que ocupa, simbolicamente, o último lugar na lista do PSD às eleições europeias de Maio, aponta como primeira razão a circunstância de a “economia estar a começar a desacelerar e de as pessoas perceberem que, afinal, não houve uma preocupação económica extraordinária do Governo, bem longe disso”.

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Afirmando que “o país está atrasado em relação a outros Estados”, Miguel Poiares Maduro apresenta uma outra razão. “O regresso de uma cultura política que as pessoas avaliam de forma muito negativa e que, aliás, está por detrás de problemas históricos da nossa própria economia e que é uma cultura política de excessiva proximidade entre os interesses privados e públicos que atingiu o auge na governação socrática e que o anterior Governo tinha começado a inverter”.

Também Álvaro Almeida, coordenador da área das finanças públicas no Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD e vereador na Câmara do Porto, não tem dúvidas de que o facto de a “economia estar a abrandar” e de o Governo não ter “nenhuma capacidade para promover a competitividade da economia portuguesa” explicam a subida do PSD nas intenções de voto. E elenca algumas situações que, em seu entender, faziam adivinhar um crescimento do PSD. “Já havia indícios de que a economia portuguesa estava a abrandar; já havia indícios de que o crescimento da economia portuguesa em termos comparativos nem era nada de especial; já havia indícios de que este Governo é um Governo de gestão do dia-a-dia e que não tem capacidade para promover a competitividade da economia portuguesa. Tudo isto faz do Governo do PS um mau Governo, um Governo de fachada”, constata Álvaro Almeida que foi candidato do PSD à Câmara do Porto em 2017.

O vice-presidente do PSD e presidente do CEN, David Justino, coloca a tónica no descontentamento que existe relativamente ao Governo, mas avisa que isso não representa “uma transferência de voto imediato” do Governo para o PSD. “Uma pessoa não deixa de votar num partido para votar no outro”, reforça. “Além disso, importa destacar que a estratégia do PSD está muito orientada para conquistar votos na abstenção. Na verdade, o maior potencial de apoio do PSD está na abstenção”, explica David Justino ao PÚBLICO.

Embora afirme que o PSD deve de ter “muita prudência” na análise das sondagens, o vice-presidente dos sociais-democratas não deixa de notar que o estudo da Aximage para o Jornal de Negócios e Correio da Manhã, divulgado esta semana, evidencia que o líder do partido tem melhor aceitação do que o próprio partido”.

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“Nós já tínhamos identificado que o dr. Rui Rio tinha melhor representação e aceitação do que o próprio partido e isso, em grande parte, deve-se ao facto de termos passado quase um ano centrados em questões internas. A partir do momento em que o partido estabilizou e se apaziguou, o contexto torna-se completamente diferente, mais favorável ao PSD. Depois é ter um líder credível, mas se o partido não for credível não serve de nada”, afirma.

David Justino aponta ainda o dedo ao Governo pelo facto de “já estar a fazer campanha eleitoral” e evidencia que a “forma como o PS está a comportar-se não é credível”, porque “já toda a gente percebeu que eles dão com a mão esquerda e tiram com a mão direita”. Quanto à lista do PSD ao Parlamento Europeu, revela que “foi feito um esforço sério no sentido de mobilizar os melhores para fazerem parte dela”.

Considerando as sondagens como “elementos de referência” – “as sondagens nunca me criaram nem entusiasmo nem pessimismo” -, Poiares Maduro diz que aquilo que “é importante [nesta altura] é que o PSD continue a prosseguir o que parece ser agora o caminho claro de diferenciação de uma proposta política face ao PS”. Relativamente à lista, elogia-a e acredita que a subida do PSD nas intenções de voto também resulta das escolhas feitas pelo partido.

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Assumindo-se como um risk-taker na política, Poiares Maduro adverte que “o PSD não deve de ficar à espera de ter sucesso político com base no insucesso dos outros. Devemos esperar ter sucesso político com um objectivo que é prosseguir com um determinado programa e uma determinada mensagem política”.