ID: dois dias de música urbana e electrónica no Estoril

O novo festival ID trará nomes como IAMDDB, Madlib, Little Dragon, Arca, Kamaal Williams, Jacques Greene ou HAAI ao Centro de Congressos do Estoril, dividido em várias salas e transformado em pista de dança.

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IAMDDB dr

O português é a primeira língua de Diana de Brito, que nasceu em Cascais e viveu no nosso país até aos seis anos. Mas foi em Manchester, para onde se mudou, que a filha do baixista, produtor e engenheiro de som angolano Manuel de Brito se tornou IAMDDB, alguém que pensa e trabalha em inglês, usando ocasionalmente palavras na língua materna. O pai tinha um estúdio, o que a fez tentar aprender a fazer música sozinha, como cantora, rapper e produtora. “Foi um chamamento natural. Começar com uma batida no sítio e depois trabalhar com o que já lá está. É um fluir de vibrações”, explica ao PÚBLICO por email. 

Depois de uma uma passagem pelo Vodafone Mexefest em 2017, IAMDDB volta a Portugal para actuar no ID, que traz dois dias de música electrónica e urbana ao Centro de Congressos do Estoril, dividindo o espaço em várias salas e transformando-o numa pista de dança. O festival começa esta sexta-feira e acaba no sábado, e tem também nomes como Madlib, Kamaal Williams, Little Dragon e Arca no cartaz.

Ainda antes de ter um primeiro álbum, que, diz, está “a começar a ser gravado agora”, editou cinco mixtapes numeradas a que se refere como colecções de “momentos, estados de espírito e experiências”, num “processo de aprendizagem” de fazer música. Trouxeram-lhe muita atenção. Temas como Shade, de Hoodrich Vol. 3, por exemplo, arrecadaram mais de 22 milhões de visualizações no YouTube. “Sinto que o meu trabalho está a chegar a mercados onde nunca tinha chegado — é fixe ver tantas pessoas de várias partes do mundo ligarem-se à mesma coisa”, comenta. O derradeiro volume dessas mixtapesSwervvvvv.5, saiu no final de Fevereiro e agora é que vem o disco a sério. “Estou excitada por criar o meu melhor trabalho, ainda que adore o meu catálogo, mas prefiro dizer menos e mostrar mais”, explica.

A artista, que cresceu rodeada de música afro soul e afro jazz, tocada por um pai que acompanhou artistas que vão de Caetano Veloso a Bonga, passando por Gilberto Gil e Waldemar Bastos, chama àquilo que faz “urban jazz”. Que, descreve, “é um sentimento, uma disposição, uma vibração, um momento, uma memória, um tom, é o que tu quiseres que seja”, o que para ela se traduz num “género que é adaptável a todos, com tons e ritmos do jazz de uma forma urbana”.

IAMDDB actua na sexta-feira, na sala maior do festival, a seguir a um DJ set de Madlib, uma das figuras de proa da editora Stones Throw e um dos mais importantes produtores de hip-hop dos anos 2000 — também é DJ e rapper —, que colaborou com inúmeros nomes do rap, como MF Doom, em Madvillain, e o defunto J. Dilla, em Jaylib. Depois deles chega Pearson Sound, ou seja, o londrino David Kennedy, que navega na música de dança britânica, entre dubstep, funky e UK garage, e é co-fundador da editora Hessle Audio.

Nessa noite, no auditório, toca Vessel, o nome sob o qual Sebastian Gainsborough, de Bristol, assina delirantes produções pós-industriais de corte e colagem, com recurso a sons bizarros, utilizando partes de bicicletas como percussão. Depois actua Pedro Mafama, que junta fado à música urbana e electrónica e foi eleito uma das pessoas que vão “valer a pena seguir em 2019” pelo PÚBLICO. Nas outras salas há DJ sets de Varela, Moullinex e do canadiano Jacques Greene, um showcase do colectivo de música hip-hop e electrónica Colónia Calúnia e outros nomes portugueses como Dead End, Progressivu, Shaka Lion, DJ Nigga Fox, Sheri Vari e Nuria.

No sábado, a sala principal é do venezuelano Arca, o produtor transformado também em cantor que trabalhou com nomes que vão de Björk e FKA Twigs a Kanye West, dos suecos Little Dragon e do alemão Hunee. O auditório recebe os portugueses Meera e Dino D'Santiago, bem como Kamaal Williams, o teclista e produtor britânico de jazz que é metade da banda Yussef Kamaal e faz música electrónica sob o nome Henry Wu. Já nos outros recantos do festival dará para ouvir as escolhas da editora Parkbeat, DJ Respito e um segundo set de Progressivu, os portugueses Kerox, Photonz, Rui Maia e Xinobi, com a britânica HAAi pelo meio.

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