Cartas ao director

Apoio judiciário... coxo?

Na edição do PÚBLICO de 21 de Março, o leitor Carlos Duarte manifesta discordância relativamente ao teor da minha carta sobre o assunto em epígrafe, publicada dois dias antes. Lá vem o velho argumento de que “o Estado somos nós, todos” e portanto não vê razão para sermos nós, concidadãos contribuintes, a pagar os"custos judiciários” quando o beneficiário desse apoio recebe uma indemnização. Está em causa a retenção de 33% da importância atribuída por um tribunal. Pois bem, para mim não é indiferente tratar-se de pobres ou ricos, pois só os primeiros podem recorrer ao apoio judiciário e não deixarão de o ser por receber uma indemnização, salvo algum caso excepcional. Sim, todos somos Estado, mas felizmente vivemos num Estado Social em que os nossos impostos garantem o acesso à Saúde, à Educação e à Justiça.

Luís Filipe Barroso, Lisboa

Bravo, António Guerreiro!

Não posso deixar de aplaudir vivamente a nota de rodapé da secção “Acção paralela”, escrita por António Guerreiro, na revista Ípsilon do pretérito dia 8 de Março, em que o colaborador do PÚBLICO glosou um comentário de Rosa Pedroso Lima, in Expresso (2-3-2019), em que a distinta jornalista, com clarividência, afirmou que, “há mais políticos com contratos permanentes nos media do que lugares na maior bancada parlamentar da Assembleia da República” – neste aspecto, com toda a certeza, que batemos todos os países da CEE. De facto, “o espaço público mediático  povoado por uma tagarelice política que funciona em circuito fechado, eis o nosso destino”, como obtemperou António Guerreiro. Destino político-jornalístico escatológico do qual não nos conseguiremos livrar, acrescento. Bravo, António Guerreiro.

António Cândido Miguéis, Vila Real

País da impunidade

Os interesses instalados em Portugal são um enorme entrave ao funcionamento correcto das instituições, onde no que diz respeito à corrupção os cidadãos até já nem podem confiar nas entidades que deveriam salvaguardar os seus direitos. Ao longo de quatro décadas, foi-se instalando a cultura da impunidade, o que tem feito aumentar a corrupção neste país, e que passa para os mais aventureiros a ideia de que em Portugal se pode fazer tudo desde que as atitudes influentes sejam decisivas na impunidade dos seus autores.

Haverá certamente alguma surpresa na capacidade de um jovem que fazendo uso eficaz das ferramentas tecnológicas denuncia os casos de corrupção sustentados em documentos comprometedores, o que revela em que medida ao cidadão dito normal também compete lutar por uma sociedade mais transparente, pelo que a pergunta que todos devemos fazer é porque ainda não foram detidos aqueles cidadãos que contribuíram para manchar a imagem do país, enquanto ameaçam e correm atrás alguém que procurou fazer o trabalho de outros?

Perante as ameaças que resultam das denúncias de que o cidadão tem conhecimento, pelos vistos Portugal torna-se um país inseguro para os mesmos cidadãos que não se revêm nas más práticas, ou será que para termos segurança, teremos de ser cúmplices da corrupção?  

Américo Lourenço, Sines

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