A cultura como ponte entre a União Europeia e a América Latina e Caraíbas

Durante dois dias, Lisboa será a capital cultural da Europa e da América Latina e Caraíbas. Mais de 50 gestores culturais e peritos de ambas as regiões poderão partilhar experiências, desenvolver novas ideias e formular recomendações e, por conseguinte, inspirar futuras iniciativas.

As relações entre a UE e a América Latina e Caraíbas têm raízes históricas de longa data e são multidimensionais a nível político, económico, social e linguístico. No entanto, é no domínio da cultura que esta relação é mais evidente. Não só devido à forte interação cultural entre as duas regiões, mas também pelo facto de estes contactos regulares e intensos se desenvolverem livremente entre a sociedade civil da UE e da América Latina e Caraíbas. De tal forma que o diálogo birregional ganha força, nas suas diversas dimensões, precisamente por esta ligação cultural. Quais são as novas ideias que permitirão que este diálogo seja reforçado e frutuoso? Como valorizar o património cultural, desenvolver as indústrias criativas e reforçar a presença da Europa e da América Latina e Caraíbas nos debates mundiais sobre o futuro da cultura?

Para responder a estas questões, a Fundação EU-LAC organiza em Lisboa, nos dias 25 e 26 de março, o Fórum “Propostas e Recomendações para Iniciativas Culturais UE-ALC”. Este encontro é possível pelo decisivo envolvimento da União Europeia, mas importa assinalar que tem o patrocínio do Ministério da Cultura de Portugal, e conta com o apoio da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), o Instituto de Promoção da América Latina e das Caraíbas (IPDAL) e o Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), que acolhe o evento.

Durante estes dois dias, Lisboa será a capital cultural da Europa e da América Latina e Caraíbas. Mais de 50 gestores culturais e peritos de ambas as regiões poderão partilhar experiências, desenvolver novas ideias e formular recomendações e, por conseguinte, inspirar futuras iniciativas que serão apresentadas aos altos funcionários da América Latina e Caraíbas e da UE.

Dada a natureza única do intercâmbio cultural e a ligação única entre a sociedade civil das duas regiões, poder-se-ia pensar que este tipo de encontro não tem importância ou impacto no aumento das relações entre a UE e a ALC. No entanto, e apesar da estreita proximidade entre as duas sociedades civis, importa aumentar o conhecimento cultural mútuo, de forma a evitar os efeitos nocivos das generalizações e das simplificações. Estas tendências manifestam-se de formas diferentes, por exemplo, desaparecendo a perceção da diversidade no interior das regiões e considerando a cultura da América Latina e Caraíbas como mera extensão da cultura europeia ou ignorando a contribuição cultural dos migrantes para as nossas respetivas sociedades.

Há também a necessidade de separar o intercâmbio cultural das perceções relacionadas com o passado colonial como sentimento de superioridade, dependência ou rejeição. Enquanto regiões empenhadas numa parceria baseada em valores e princípios comuns, a UE, a América Latina e as Caraíbas devem trabalhar em conjunto para celebrar a sua diversidade cultural, bem como o que têm em comum, e promover projetos que se tornem mutuamente visíveis, nomeadamente através de iniciativas de criação conjunta como forma de desenvolver uma nova cultura partilhada. Tal ajudaria as duas regiões a compreender melhor “igualdade” e “alteridade” e a colaborar, criar, investir e celebrar diversidades e elementos culturais comuns. Tal poderia também reforçar o reconhecimento da cultura enquanto elemento de coesão social e transformação que contribui a nível birregional não só para resolver os problemas de integração e preservação das identidades, mas também para proporcionar um recurso para o desenvolvimento humano e o crescimento económico.

A cultura é, sem dúvida, um dos melhores instrumentos para alargar e revigorar as relações entre a União Europeia e a América Latina e Caraíbas. Uma boa forma de revitalizar esta relação pode ser conseguida veiculando ideias, apresentando propostas e recomendações. É este o mandato da Fundação EU-LAC.

A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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