Cartas ao director

A inveja

A inveja deve ser um dos maiores defeitos dos portugueses. Ainda agora caiu o Carmo e a Trindade a propósito da nomeação de Ana Catarina Gamboa, esposa do ministro Pedro Nuno Santos para chefe do gabinete do amigo secretário de Estado Adjunto Duarte Cordeiro.

Ora se estes invejosos parassem para pensar no reverso da medalha desta nomeação, chegavam à conclusão o quanto são injustos. Será que sabem o sacrifício que este exemplar casal teve de fazer para aceitar aquela nomeação? É que se souberem que Ana Catarina, na opinião do marido, é uma “excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança” ter aceite um mísero ordenado de pouco mais de quatro mil euros mensais quando podia com aquelas qualidades auferir em qualquer lado o dobro ou o triplo, é ou não um enorme exemplo altruísta?

Este povo ingrato, em vez de se ajoelhar para lhes agradecer tão grande sacrifico, não. Vem para os blogues e noticiários despejar toda a raiva esquecendo-se que até o próprio BE e o PCP, partidos que não deixavam passar nada, calam-se pois também não se esquecem quem foi o grande arquitecto desta “geringonça” e segundo dizem o substituto de António Costa E se já bem chegava os portugueses serem invejosos, juntem-lhe então a discriminação e expliquem por só criticarem o ministro Pedro Nuno dos Santos quando toda a gente sabe que faz parte do ADN do PS este bonito e exemplar sentido de entreajuda dentro da família, e que todos nós até devíamos imitar, bastando para isso lembrar os laços familiares dentro deste Governo e dos empregos que o açoriano Carlos César é o expoente máximo como grande patriarca.

Jorge Morais, Porto

O Estado somos nós

Saiu recentemente a público a vontade do governo fazer pagar as custas judiciais aos beneficiários de apoio judiciário até 33% do valor de eventuais indemnizações que venham a obter fruto de sentença judicial que lhe seja favorável.

Alguns leitores insurgiram-se contra esta medida como sendo mais uma “contra os pobres”. Discordo desta visão e dou o meu total apoio ao Estado se porventura fizer aprovar uma lei com este teor: o Estado não paga nada a ninguém, quem paga somos nós os contribuintes através dos serviços públicos. Se alguém necessita de apoio judiciário acho muito bem que lhe seja prestado. Mas se depois a sentença lhe atribuir indemnização em valor que suporte os custos judiciários também acho muito bem que lhe seja exigido que os pague e não vejo razão porque o havemos de pagar nós, os concidadãos contribuintes. Não vejo isto como sendo nada de pobres contra ricos ou vice-versa, vejo apenas que todos os que tenham meios suficientes devem pagar: infelizmente o nosso país ainda é extremamente subsidiodependente - é o Estado para tudo e muitas pessoas esquecem-se que o Estado somos nós, todos, incluindo aqueles 50% que não pagam IRS mas pagam taxas de IVA cada vez maiores em tudo o que mexe e que portanto deveriam perceber que o Estado não pode dar tudo a todos.

Carlos Duarte, Lisboa

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