Profissionais bem preparados são essenciais para um crescimento sustentado

No âmbito da estratégia europeia de crescimento inteligente e sustentável, e dos apoios em curso do Portugal 2020, falámos com Jorge Nunes, vogal do programa regional NORTE 2020, sobre a importância da contratação de recursos humanos qualificados.

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O Acordo de Parceria Portugal 2020 - enquadrado na estratégia europeia de crescimento inteligente e sustentável - tem permitido o financiamento de projectos empresariais sobretudo com o foco na melhoria da competitividade das Pequenas e Médias Empresas (PME). Em curso estão diferentes programas que concedem apoios, tendo por base o lançamento de concursos específicos e a submissão de candidaturas por parte dos beneficiários dos fundos da União Europeia.

Dada a importância da absorção de recursos humanos pelo tecido empresarial do Norte de Portugal, o NORTE 2020 lançou um concurso que financia a fundo perdido a contratação de licenciados, mestres, doutorados ou pós-doutorados. Jorge Nunes, vogal do NORTE 2020, destaca que a qualificação dos recursos humanos é uma preocupação transversal. “Dispor de pessoas bem preparadas para as várias actividades da sociedade é essencial para um crescimento sustentado, para o bem-estar das pessoas. O conhecimento é essencial”, enfatiza.

A prioridade do NORTE 2020 levou já ao lançamento de dois concursos de apoio à contratação, dirigidos às empresas da região. Depois de um primeiro concurso, lançado em 2015, está agora em curso um segundo, em que as candidaturas podem ser submetidas no Balcão 2020 até 17 de Dezembro. Neste concurso, os critérios de candidatura foram ajustados àquilo que será a real necessidade das empresas. Esse primeiro aviso limitava a contratação apenas a doutorados e pós-doutorados. Feita uma reflexão neste âmbito, percebeu-se a necessidade de abrir a um leque mais abrangente, que chegue a licenciados e mestrados também”, explica. No caso de licenciados e mestrados, o requisito é terem experiência profissional de, pelo menos, cinco anos e que esta seja relevante para o projecto da empresa. Para uma PME, entende-se que um licenciado com experiência em determinadas áreas tecnológicas, por exemplo, pode representar um contributo superior ao de um doutorado. É uma mais-valia, também, para as empresas encontrarem profissionais especializados nas diferentes áreas de actuação. Espera-se, por isso, que o programa se torne mais atractivo e que a procura seja muito mais acentuada.

Jorge Nunes alerta, no entanto, para que os empresários não se foquem no incentivo em si mas sim na “elaboração de um projecto bem feito, bem sintonizado com aquilo que são os objectivos de transformação e de mudança dentro da empresa, e percebam que esse objectivo pode ser ajudado a concretizar através de recursos humanos.”

A saúde do tecido empresarial português reflecte-se nas PME

Para o representante do NORTE 2020, é preciso ir ao encontro das PME para que a produtividade do país possa aumentar e a Economia possa, efectivamente, crescer. “Tem que haver uma aposta decisiva nas PME para que os postos de trabalho possam ter melhores condições sociais e para que as pessoas que se qualificam mais também possam ser melhor remuneradas e não terem que ir para o exterior”, frisa. À escala global, o mercado laboral é muito competitivo e os recursos humanos do país são frequentemente captados para outros mercados, com maior poder de compra. Por outro lado, os jovens qualificados têm também um maior conhecimento do mercado global e procuram oportunidades fora do país, que os realizem economicamente e socialmente. “O conhecimento das pessoas é vital e essencial nos processos de mudança que ocorrem no nosso país e no mundo. As pequenas e médias empresas têm de ser ajudadas. Representam uma realidade mais parecida e mais significativa da economia portuguesa, quer em termos de emprego, quer em termos económicos”, continua.

Através do acompanhamento constante e próximo, o auxílio prestado às PME visa melhorar a produtividade e a competitividade do todo, com reflexo na economia nacional. Jorge Nunes reforça que “é um exercício de alguma complexidade, que tem de ser feito, apoiando as empresas. Os fundos comunitários servem exactamente para isso, para ajudar as empresas a criarem internamente um ambiente de qualificação mais avançada a nível da sua força laboral e também criar esse ambiente mais favorável a uma melhor relação com o sistema científico-tecnológico.” De outra forma, a actividade das empresas progride de forma mais lenta. “A inovação é o combustível de todo um processo de mudança que está a ocorrer na economia global”, destaca.

Há dificuldades neste percurso, é certo, mas de outra forma as empresas perdem competitividade para outros mercados, passam a produzir bens e serviços que ficam desactualizados e a aposta na qualificação dos recursos humanos é, inquestionavelmente, um dos factores de distinção. É por isso que, para o vogal do NORTE 2020, “esta ajuda da União Europeia de colocar pessoas mais qualificados nas empresas é um apoio positivo, um apoio que deve ser aproveitado”.

Conteúdo apoiado pelo NORTE 2020, no contexto do Acordo de Parceria Portugal 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.