Santana diz que PSD espera por zanga do BE e PCP para se “entender” com PS

Líder da Aliança quer "desalojar a frente de esquerda" que considera ser um obstáculo ao crescimento económico.

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Santana no congresso da Aliança de 9 e 10 de Fevereiro Miguel Manso

O desafio ao PSD foi feito e rejeitado. Agora, Pedro Santana Lopes promete ir à luta para “desalojar a frente esquerda”, mesmo sem uma coligação pré-eleitoral no centro-direita. O líder da Aliança já faz a demarcação de Rui Rio: “Ficámos a saber que o PSD está à espera de que BE e PCP se zanguem para se poder entender com o PS. Não é a nossa posição”.

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O desafio ao PSD foi feito e rejeitado. Agora, Pedro Santana Lopes promete ir à luta para “desalojar a frente esquerda”, mesmo sem uma coligação pré-eleitoral no centro-direita. O líder da Aliança já faz a demarcação de Rui Rio: “Ficámos a saber que o PSD está à espera de que BE e PCP se zanguem para se poder entender com o PS. Não é a nossa posição”.

No final de um almoço-conferência promovido pelo International Club de Portugal, Pedro Santana Lopes assumiu aos jornalistas que, “sem uma coligação” pré-eleitoral baseada nos resultados das europeias, é “mais difícil” conseguir uma maioria parlamentar no centro-direita. “Mas vamos lutar”, disse. Defendeu que “era bom” que saísse a “frente esquerda” para dar lugar a um Governo que desse apoio às empresas, que criasse um clima propício ao investimento e que tivesse “outra atitude em Bruxelas”. Essa foi, aliás, a tónica do seu discurso. Pedro Santana Lopes vê a maioria de esquerda – não gosta do termo 'geringonça', porque o considera até “carinhoso” - como um obstáculo em termos de criação de um clima atractivo de investimento e de crescimento económico. “A frente de esquerda tem de ser afastada, nós podíamos crescer muito mais”, sustentou, num a intervenção em que provocou risos na sala várias vezes. Elogiou a intervenção do deputado do CDS Telmo Correia, no debate da moção de censura da semana passada, por denunciar o “farisaísmo do PCP e do BE, que estão de manhã nas fábricas a dizer mal do Governo e à tarde na Assembleia da República a votar tudo e a segurar o Governo”. Ao PSD, o seu antigo partido onde militou 40 anos, Santana Lopes prefere referir-se como o seu “antigo chapéu”, sem o nomear.

O ataque ao PS implicou até referências históricas para dizer que “Guterres saiu e veio o pântano”, que Sócrates saiu e deixou uma “intervenção externa” e que agora fica no ar uma interrogação: "Vamos ver como é que são as contas quando estes senhores saírem”. Ao actual cabeça de lista do PS às europeias, Pedro Marques, o líder da Aliança também deixou uma crítica, por causa da intenção do ex-ministro de só fazer debates com partidos representados no Parlamento. O comentário gerou até risos na assistência, onde estavam empresários e diplomatas: “Eu sei que hoje em dia gostam das coisas em família, mas os órgãos de comunicação social que decidam. A mim não me passa pela cabeça que não cumpram a democracia.”

Portugal não precisa apenas de se bater pelo crescimento económico, também precisa de outra atitude em Bruxelas. “Em vez de estar na fotografia ao lado da senhora Merkel, é dizer ‘isto não pode continuar’”, exemplificou, assumindo que este pode ser “um tema árido de campanha”, mas que a Aliança “não nasceu para defender a prisão perpétua ou a castração seja de quem for; nasceu para falar de coisas sérias”. Ficou o recado para o Chega, o partido que André Ventura, outro ex-militante do PSD, está a fundar.

Pedro Santana Lopes retomou uma frase do congresso da Aliança - “que país é este?” – para mostrar a sua indignação sobre o estado da saúde, que diz estar “cada vez pior” e ter sido agravado pela imposição das 35 horas. Mas também para se insurgir contra a resignação dos portugueses, que se conformam com o abandonar da exploração dos recursos do subsolo só porque, alega, os partidos de esquerda se opõem. “Os grupos de extrema-esquerda, que querem impor as suas concepções, fazem uma agitação e o país diz ‘está bem’”, disse, citando o prior da paróquia que frequentava em criança com os seus pais: “Ser bom não é ser parvo”.

Lembrando que anda na política “há muitos anos”, o líder do Aliança assume que gosta de fazer campanha e deixou uma mensagem de optimismo: consegue os 14 ou 15 deputados que hoje faltam para o centro-direita ter uma maioria no Parlamento. Mesmo quando as sondagens ainda colocam a Aliança muito longe: “Consigo melhores resultados do que os estudos de opinião”.