Seis, sete deputados? “Não ficava triste com esse resultado, mas quero mais”, assume Santana

Pedro Santana Lopes insiste na ideia de que a direita tem de formar um bloco, a seguir às eleições, para ser alternativa à “geringonça” de António Costa. “Quero é que, neste momento, o centro-direita consiga ter os tais 116 + 1”.

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Santana Lopes foi entrevistado pela TSF e pelo Diário de Notícias Nuno Ferreira Santos

Pedro Santana Lopes quer que a Aliança vá a eleições para “medir a sua força” e já prepara o discurso para a campanha eleitoral. Neste domingo, em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, admite ser “ambicioso” nos resultados que deseja para o seu partido. “Seis, sete deputados?”, perguntam os jornalistas Arsénio Reis e Catarina Carvalho. “Sim, não ficava triste com esse resultado, mas quero mais, sou ambicioso, quero mais”, responde.

Santana prefere dizer que uma vitória seria “ter uma boa representação parlamentar” e não se atravessa com números, mas explica por que razão acredita que as coisas podem correr bem à Aliança: “Nós somos conhecidos ainda só de 21% dos portugueses. Nos próximos meses, temos um enorme trabalho a fazer para nos tornarmos conhecidos de, se Deus quiser, pelo menos 75% ou 80% das pessoas. Quando chegar o Verão acho que já lá estamos. Aí, não é directamente proporcional, como é óbvio, mas é natural que o apoio possa crescer e que a percentagem eleitoral possa crescer”.

O objectivo não é novo: tirar o poder à esquerda. “Só há uma hipótese de a frente de esquerda sair, que é o outro espaço ter os 116 + 1. Até pode ser o PS o primeiro, mas dizemos ao Dr. António Costa: olhe, aqui tem de volta, o PS ganhou, mas quem forma governo não é o senhor, mas sim o espaço do centro-direita”, afirma.

Para isso, está fora de questão uma aproximação ao PS, estratégia que, aliás, critica. “O PSD diz que se quer chegar ao PS - estou a ser factual, não estou a inventar nada - e o CDS, com toda a franqueza, li na imprensa uma coisa extraordinária: também foi buscar a Lei de Bases da Saúde da Dr.ª Maria de Belém para, com base nela, fazer as suas propostas (…). De um partido de direita ou do centro-direita acho que se espera outro caminho.”

Santana recorda a história para sublinhar que quando se formou o governo do bloco central, saiu da Assembleia – “não fiquei lá, não virei a casaca” – e lamenta “a nítida e notória” distância entre o CDS e o PSD.

Numa entrevista em que acabou por deixar várias pistas indirectas a Rui Rio sobre como deve agir um líder da oposição, Santana Lopes recusou responder às perguntas sobre o PSD. “Tenho pedido para compreenderem que não falo do PSD”, disse logo no início da conversa. Mais tarde, repetiu: “Com franqueza, não quero mesmo falar sobre o PSD. Não são contas do meu rosário, acho que não o devo fazer”. E mesmo sobre Marcelo Rebelo de Sousa, que esta semana foi muito criticado por ter dado palco a Luís Montenegro, recebendo-o no Palácio de Belém, foi contido: “Ele é uma pessoa muito interessada e que cultiva a proximidade, não cultiva a distância. Em relação ao anterior Presidente, é talvez o 8 e o 80.”

Aliança defende redução de impostos

O que Santana queria era falar sobre o partido que acabou de criar. “Este Aliança não nasceu por minha causa nem por causa de algo que queira para mim. Nasceu por causa das políticas que há muitos anos entendo que devem ser definidas”, explicou. Uma das prioridades da Aliança, segundo o seu líder, será “fazer uma grande aposta no crescimento económico”.

“Quando digo isto costumam dizer-me: mas isso todos querem! Todos querem, mas não fazem (…). O crescimento económico é a única maneira de conseguirmos recursos para fazer face a todas as exigências de despesa que temos”. E a melhor forma garantir o crescimento, de acordo com Santana Lopes, está definida: “Se o Aliança tiver maioria, se for chamado ao governo, há algo que os portugueses têm de saber: nós acreditamos firmemente nos efeitos e na eficácia da redução de impostos”.
Santana voltou a criticar os quatro “cês” que Bruxelas impõe - “corta, cativa, come e cala” – e pediu “um grande pacto social” para que o país possa melhorar e aumentar a produtividade.

Entre os vários diagnósticos feitos na conversa com a TSF e o DN, Santana Lopes deteve-se no Serviço Nacional de Saúde e citou a ministra Marta Temido para dizer que “está falido” em muitos aspectos. “Não responde nos especialistas, no tempo de marcação de consulta, no tempo de marcação de intervenções”, exemplificou.

A propósito das eleições europeias, Santana Lopes assumiu ser “um europeísta convicto”, sem ser “europeísta dogmático”. “Sou um europeísta livre e o Paulo Sande também é um europeísta livre. Ele também concorda que é preciso uma nova atitude em Bruxelas”. E explica qual é. “É chegar a Bruxelas e a primeira preocupação não ser beijar a mão à senhora Merkel. É levar as nossas reivindicações bem na mão e não desistir delas, porque a coesão económica e social é o caminho essencial para a União Europeia”.

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