É só publicidade

O Instagram está cheio de anúncios pessoais mas nem sequer são classificados. As Páginas Amarelas eram menos feias - e mais úteis.

O Instagram faz-me lembrar as Páginas Amarelas. Está cheio de anúncios. É uma explosão de publicidade em que é quase impossível encontrar uma boa fotografia.

Quase toda a gente usa o Instagram para se tornar mais conhecido, para poder vender qualquer coisa, a começar pela própria pessoa.

Até haver Instagram não havia maneira de ver tantas más fotografias juntas. As piores copiam as mesmas poses, só variando as caras e os corpos. O efeito é de ler uma revista só com anúncios, sem nada para ler.

A publicidade é imensa mas de muito má qualidade. As pessoas que começaram a ler jornais e revistas antes de haver Internet e telemóveis estão habituadas a suportar alguma publicidade. Sabíamos que era a publicidade que pagava os ordenados de quem escrevia e fotografava.

Esse equilíbrio perdeu-se com as redes sociais. Até verbos como promover se perdem lá. Aquilo que lá se faz é tentar chamar a atenção. A atenção é o dinheiro do mercado da comunicação: só dispomos de algumas horas por dia.

As causas até podem ser boas mas concorrem todas umas com as outras numa chinfrineira ilegível. Acaba por ser tudo publicidade a querer comprar-nos a pouca atenção de que dispomos.

As Páginas Amarelas ofereciam o mesmo tédio e a mesmo insípido grafismo, reduzindo tudo a amarelo e preto, fossem serralheiros ou tipógrafos. Havia anúncios mais ardilosos mas eram derrotados pela uniformidade envolvente.

O Instagram está cheio de anúncios pessoais mas nem sequer são classificados. As Páginas Amarelas eram menos feias - e mais úteis.

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