O Sporting continua a ser uma equipa em pânico permanente

"Leões" derrotados em Alvalade pelo Villarreal em jogo a contar para a primeira mão dos 16 avos-de-final da Liga Europa.

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O Sporting está em desvantagem na eliminatória com o Villarreal LUSA/JOSE SENA GOULAO

O melhor que se pode dizer do Sporting que se exibiu nesta noite de quinta-feira é que foi solidário. Não uma equipa solidária, no sentido em que todos os jogadores estão em sintonia, mas solidária com o seu adversário, uma equipa que chegava a Alvalade em crise profunda. O Villarreal ainda não tinha ganho um único jogo em 2019, mas chegou a Alvalade e contou com a ajuda dos “leões” para levantar a moral, triunfando por 0-1 no jogo da primeira mão dos 16 avos-de-final da Liga Europa. E não que a equipa conhecida no mundo do futebol como o “Submarino Amarelo” tenha feito uma exibição espectacular, mas foi tudo aquilo que o Sporting nunca conseguiu ser e que não tem sido nos últimos tempos: tranquilo e eficaz.

Marcel Keizer chegou a Alvalade no final de Novembro do ano passado e, durante um mês, o Sporting foi uma equipa goleadora e com toques de brilhantismo que deixava para segundo plano alguns pecados defensivos. Este Sporting das últimas semanas perdeu todas essas qualidades, mas manteve todos os defeitos. É este o estado actual do “Keizerball”: não sabe defender, não sabe atacar e, só em desespero, é que acorda e tenta reagir. Resultou duas vezes na final a quatro da Taça da Liga, mas não resultou contra o penúltimo classificado da Liga espanhola. E ouviu assobios e viu lenços brancos.

Este Villarreal apresentava-se em Alvalade com a cabeça na Liga espanhola, onde luta pela manutenção, e sem qualquer vitória desde que o sorteio colocara o Sporting no seu caminho europeu. Essa prioridade reflectia-se nas opções de Javier Calleja, que deixara de fora alguns dos seus habituais titulares. Keizer fez o mesmo, também a pensar no importantíssimo duelo com o Sp. Braga no domingo, com os regressos de Salin, André Pinto, Petrovic, Bruno Gaspar, Miguel Luís e Jovane. O holandês só não abdica de Sebastian Coates e Bruno Fernandes, os únicos que, mesmo exaustos, vão tentando sozinhos fazer a diferença.

Um dos princípios do Sporting é a pressão alta. Quando resulta, é asfixiante. Quando não resulta, é como se fosse uma passadeira vermelha a convidar o adversário a atacar. Não resultou. Logo aos 3’, num desses momentos de pressão mal feita, o Villarreal teve espaço para atacar pelo seu lado direito. Chukuweze ultrapassou Acuña, meteu a bola na área, esta bateu em André Pinto e Coates, chegando depois a Pedraza, que rematou sem qualquer oposição e com todo o acerto.

Foi o pior que podia acontecer a uma equipa que está sem pernas e cabeça frescas. O Sporting entrou em pânico. E o pior para uma equipa em pânico é ter pela frente um adversário que, de repente, se sentia maior só por causa daquele golo madrugador. O Villarreal, que tem passado a época inteira no fio da navalha, foi uma equipa tranquila do primeiro ao último minuto. Já o Sporting levou muito tempo a reagir como equipa e só a espaços teve algumas iniciativas individuais com pouca consequência. E não ajudou uma lesão muscular de Bruno Gaspar aos 26’, fazendo com que Keizer tivesse de usar uma substituição para compor o flanco direito – entrou Ristovski.

A segunda parte começou, praticamente, com mais uma oportunidade de golo para o “Submarino Amarelo”. Aos 51’, mais uma falta de acerto defensivo deixou Pablo Fornals na cara de Salin, mas o guardião francês conseguiu defender para canto. Só quase com uma hora de jogo é que os “leões” ameaçaram verdadeiramente a baliza do ex-portista (e habitual suplente) André Fernandez. Aos 59’, foi Coates a levar a bola para o ataque, a entrar na área e a fazer um remate cruzado defendido pelo guardião espanhol.

Dez minutos depois, Bas Dost voltou a obrigar Fernandez a uma grande defesa, após uma boa iniciativa individual de Raphinha. O extremo ainda atirou ao poste aos 75’ após canto de Bruno Fernandes, mas foi o pico ofensivo do jogo. Nada mudou com as entradas em campo de Phellype e Wendel e as coisas ficaram ainda pior com a expulsão justa de Acuña aos 76’, uma entrada imprudente quase em jeito de frustração e muito simbólica do actual momento do Sporting, uma equipa em pânico permanente que precisa de tempo. Mas tempo é tudo o que não tem. Joga com o Sp. Braga no domingo e volta a encontrar-se com o Villarreal na próxima quinta-feira.

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