Para muitos... com amor

É raro ter líderes políticos que apreciem a crítica e a diversidade. Mas esses são líderes, não meros presidentes ou secretários-gerais.

A atividade política, nos nossos dias, em geral, quase rasteja.

Tão politicamente infantis; tão humanamente indiferentes; tão pesporrentes; tão ignorantes.

A atividade política, em regra, faz-se de táticas, não de estratégias.

O pensamento global sobre a Humanidade e as Sociedades? Que interessa? O que interessa é a tática e os seguidismos.

História? Bem, muitos nunca leram um livro da dita. Também não lhes interessa. Transversalmente.

Eles gritam, gritam muito ou escondem-se na penumbra. Não gostam de alertar. Não gostam de divergir ou ter um minuto de pensamento alternativo a quem comenda. A acefalia, essa promete. Ou a obediência cega a quem manda.

Na realidade, o importante, para tantos, é o tal lugar ou lugarzinho num qualquer local da estrutura pública.

Só que... há quem não queira nem precise de um qualquer lugarzinho.

E há até a quem o “lugarzinho” provoque náuseas quando se senta nele. E tente lutar para o que é suposto ser um lugarzinho se transforme num exercício de resistência ao que há de mau no sistema. Não raro, são silenciados.

Mas pouco importa para quem tem vida além de tudo isso; para quem perde com os lugarzinhos, trata-se de um exercício de missão e doloroso, até porque, também em regra, pensam o sistema, não a pequena política. Aprenderam a História, pensam-na, assim como ao tempo. Conhecem a vida. Não dependem de aparelhos manietados, nem dos ditos chefes.

Mas a verdade é que chefes e quejandos não gostam nada de livres pensadores.

O empobrecimento da classe política é, assim, fácil de explicar.

A liberdade ou se tem no ADN ou não, e quando se a tem é terrível para tiques autoritários. Mas quem a tem, não prescinde dela.

É raro ter líderes políticos que apreciem a crítica e a diversidade.

Mas esses são líderes, não meros presidentes ou secretários-gerais.

São coisas diferentes. Ser presidente de um partido ou secretário-geral não significa ser líder. Para ser líder é preciso muito mais: ter pensamento; não ter medo da própria sombra; reconhecer quando tem ou não tem razão; gostar das pessoas; não ser forte com os fracos, nem fraco com os fortes, entre outras características.

E, sobretudo, saber o que tem de fazer em prol do bem comum, independentemente dos populismos.

Tarde, muitos reconhecem o que é um líder a bem do país, ou um populista ou um tiranete, ainda que disfarçados.

A vaidade humana, em regra, não tem limites.

Os deslumbrados cansam muito. Exibem o que nunca tiveram antes dos lugares e dos lugarzinhos.

É por isso que cada vez mais muitos não querem lugares nem lugarzinhos. Confusão não. A causa pública implica muito sacrifício para quem se lhe dedica verdadeiramente.

Para quem vive dos lugares e lugarzinhos não custa nada, exceto mantê-los.

Também não tiveram, em geral, vida para além desses lugares e lugarzinhos. Por isso, tantos, estão cada vez mais sujeitos a confusões.

Assim a democracia empobrece. Divirtam-se com os lugares e lugarzinhos.

Muitos de nós não. A missão não é diversão.

Depois queixem-se com os populismos de que são os primeiros obreiros.

A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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