Conceição lamenta futebol "contaminado", Sporting quer ser "mandão"

Está feita a antevisão da final da Taça da Liga. Duelo entre Sporting e FC Porto volta a surgir duas semanas depois. "Leões" podem revalidar o título, enquanto "dragões" querem vencer o troféu pela primeira vez.

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Rodolfo Correia, treinador-adjunto do Sporting LUSA/HUGO DELGADO

Os treinadores das equipas finalistas da Taça da Liga, FC Porto e Sporting, fizeram a antevisão ao derradeiro jogo da final four, marcado para sábado, às 19h45, no Estádio Municipal de Braga. Os discursos de Sérgio Conceição e Rodolfo Correia (adjunto que substituiu Marcel Keizer, ausente do país devido à morte de um familiar) foram apontados para o que se passa em campo, mas com menções às polémicas fora das quatro linhas.

Sérgio Conceição: do pé de dança ao "futebol contaminado"

O treinador do FC Porto recusou comparar a partida agendada para sábado com aquela que terminou com um empate a zero, a 12 de Janeiro, para o campeonato, em Alvalade, sublinhando que o próximo duelo entre “dragões” e “leões” ocorre “dentro do contexto de ser uma final”.

“Conhecendo o adversário, não sabemos como vai actuar, se vai ser fiel ao que tem sido na maior parte dos jogos ou se vai jogar de forma diferente. Estamos preparados e cabe-nos descobrir, durante o jogo, como chegar à baliza adversária, e descobrir equilíbrio em termos defensivos. Queremos ganhar este título”, referiu.

Sem medo de errar num jogo que vale um troféu, Conceição recorreu à metáfora. “Já dizia um treinador: para dançarmos bem, temos que ter um par que corresponda, não podemos ter um pé de chumbo”.

Em relação aos últimos dias, marcados por críticas às arbitragens, o treinador portista diz que “o futebol português não está contaminado por estas meias-finais”, mas sim pelo discurso fora de campo. “Basta acender a televisão em horário nobre e em quase todos os canais há insultos, polémica, há tudo o que é falar do futebol e não de futebol. Há muita coisa boa para falar. Houve duas meias-finais em que houve coisas boas. Não se fala do que é importante. Cada vez mais isto está a ficar quase insuportável, está a passar-se o limite do respeito pelas pessoas, vocabulário, afirmações, insultos”, afirmou Sérgio Conceição.

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Com isso, Conceição voltou à arbitragem. “Sei que numa das últimas conferências disse que os árbitros deviam ser mais protegidos. Já fomos beneficiados pelos árbitros e pelo VAR e já fomos prejudicados. Mas eu dou um exemplo muito simples: há um jogador meu que erra, entrega a bola ao adversário que faz golo. Se o condenar na praça pública, claro que ele fica condicionado. Eu, como líder, assumo o erro. Tem de haver mais protecção para os árbitros. Essa protecção tem de ser dada a quem decide e está sempre sujeito à crítica. E cada vez mais, se não houver essa protecção e se nos continuarmos a esconder, é pior a emenda do que o soneto", concluiu.

Sporting "mandão" e capaz de se adaptar

Do lado dos "leões", Rodolfo Correia não nega que "há sempre questões interessantes à volta de um clássico". No entanto, o adjunto de Marcel Keizer aludiu ao jogo de Alvalade com os portistas e lembrou que há "adaptações estratégicas para fazer e corrigir de um jogo para o outro". "É um jogo muito bom que queremos vencer", afirmou.

“À imagem daquilo que fizemos contra o FC Porto, fala-se de um Sporting mais defensivo, mas foi uma equipa que se adaptou momentaneamente. Adaptamos sempre o que fazemos em determinado momento. As dinâmicas já estão adquiridas por ambas as equipas e nada vai mudar muito", prosseguiu Rodolfo Correia. Tal como em outros jogos, o Sporting "quer continuar mandão".

“Como todos sabemos o FC Porto é uma equipa forte fisicamente quer no ataque, quer na defesa. Há técnica em jogadores como Oliver apesar de estar numa posição mais defensiva. Herrera está sempre ligado ao jogo e gosta de participar. Podia estar aqui o dia todo”, admitiu.

O elemento da equipa técnica dos "leões" também não escapou a perguntas sobre o tópico arbitragem. “Quando uma pessoa está submetida a decisões não tem a mesma opinião. Mas estes jogos têm mais que falar do que arbitragem. Lutamos para que se fale mais sobre os jogadores e o jogo”, diz, seguindo-se um recado para a Liga de clubes.

“A recuperação é fundamental para nós. Não é a primeira vez que temos descansado apenas dois dias entre jogos. Infelizmente o calendário está muito preenchido entre Dezembro e Janeiro, uma questão que pode ser revista pela Liga. Mas a recuperação do Sporting vai ser feita como sempre. Se estamos em desvantagem temos de nos adaptar. O calendário está feito e temos de ajudar os jogadores a recuperar o máximo possível”, reiterou.

Mathieu, em dúvida, "está em gestão de esforço como muitos outros jogadores" e "será reavaliado".

Já o treinador principal, Marcel Keizer, está em viagem devido ao falecimento de um familiar, mas com "vontade de voltar" e regressa hoje a Portugal. "Uma vitória pode ser o ponto de recuperação para ele”, concluiu Rodolfo Correia.

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