Serena está um nível acima da número um

A tenista norte-americana derrotou a romena Simona Halep e apurou-se para os quartos-de-finais do Open Da Austrália.

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Serena Williams LUSA/LUKAS COCH

Consciente ou não, Serena Williams entrou na Rod Laver Arena quando o apresentador anunciou “… a número um do mundo...”. Segundos depois, ao ouvir “… da Roménia, Simona Halep”, rodou nos calcanhares e cedeu a entrada à adversária. Talvez querendo provar que o apresentador é que se enganou, ao fim de 20 minutos selou com um ás o primeiro set, do oitavo-de-final do Open da Austrália. Mas só hora e meia depois é que Serena pôde erguer os braços e celebrar a vitória no primeiro duelo em seis anos com a número do ranking. A conquista de um 24.º título do Grand Slam ficou mais perto.

Halep mostrou, igualmente, estar à altura do estatuto de líder do ténis feminino quando devolveu o break que tinha de desvantagem no segundo set e igualar 2-2. Ao mesmo tempo, a romena descobriu uma forma de prolongar os pontos, mantendo a bola o mais longe possível da adversária e obrigando-a a deslocamentos laterais. Sem conseguir bater na bola apoiada, os erros de Serena aumentaram, bem como a agressividade de Halep.

Outro jogo chave foi o sexto do terceiro set, quando Serena anulou três break-points. Saiu mais forte dessa situação e “quebrou” a adversária no jogo seguinte, marcando a mudança de ascendente, que não se alterou até fechar, com os parciais de 6-1, 4-6 e 6-4.

“É por isso que ela é número um. Conseguiu levar o seu jogo para outro nível; eu não. Mas faz parte deste percurso, de regresso. Faz 10 meses, por isso não posso estar muito irritada comigo. Senti que podia ganhar em dois sets mas pronto, estava a defrontar a numero um. Ainda estou a aprender o que, tendo em conta a minha idade e o ponto em que está a minha carreira, é admirável e entusiasmante ainda ter coisas que posso aprender”, frisou Serena Williams, que chegou a Melbourne na 16.ª posição do ranking.

Na 50.ª presença nos quartos-de-final de um Grand Slam, a norte-americana de 37 anos vai defrontar a checa Karolina Pliskova (7.ª), vencedora em Brisbane, há duas semanas, e imbatível em 2019. “Foi um encontro mesmo intenso e houve pontos incríveis. Sou uma grande lutadora, nunca desisti; é algo inato. Trabalho muito em cada ponto e sinto que é um milagre eu estar aqui, a fazer uma coisa de que gosto. Adoro jogar ténis, estar aqui e adoro este court e é mesmo fixe estar de volta. Em resumo, estou a aguentar, estou sólida e posso mesmo subir a outro nível. Vou ter que fazê-lo se quiser manter-me no torneio”, adiantou Serena.

No outro “quarto” da parte superior do quadro, Naomi Osaka (4.ª) defronta Elina Svitolina (6.ª).
Osaka somou o 11.º encontro consecutivo no Grand Slam, ao bater Anastasija Sevastova (12.ª), por 4-6, 6-3 e 6-4. Na entrevista no court, a campeã do Open dos EUA voltou a brilhar: “Vi Tsitsipas e Tiafoe vencerem ontem e disse: ‘Uau, também quero ganhar!’”, disse, inocentemente.

Svitolina, vencedora das WTA Finals no final da época passada, eliminou Madison Keys (17.ª), por 6-3, 1-6 e 6-1, num encontro que se decidiu no longo terceiro jogo do set decisivo. Ao fim de 17 minutos e 28 pontos disputados, a ucraniana anulou cinco break-points e saiu com a confiança reforçada, ao contrário de Keys que, frustrada, não ganhou mais nenhum jogo.

Zverev desilude

No torneio masculino, Alexander Zverev (4.º) voltou a desiludir. O alemão de 21 anos continua a ser o melhor classificado da sua geração, mas conta apenas com um quarto-de-final em majors. E nem a recente aquisição de Ivan Lendl para a equipa técnica colmatou essa falha. O alemão esteve irreconhecível nos dois primeiros sets que discutiu com o mais experiente e grande servidor Milos Raonic (17.º), ganhando somente um dos sete jogos de serviço. No terceiro, Zverev serviu melhor mas desperdiçou uma vantagem de 4/2 no tie-break, para ceder completamente ao antigo finalista de Wimbledon (2016), ao fim de duas horas: 6-1, 6-1 e 7-6 (7/5).

Kei Nishikori (9.º) esteve, novamente, perto da eliminação mas sobrevive no quadro após uma segunda vitória neste Open no match tie-break – tinha ganho a Ivo Karlovic na segunda ronda com 10/7 no tie-break do set decisivo. Pablo Carreño Busta (24.º) liderou o último tie-break por 8/5 quando uma discussão com o árbitro, por não repetir o ponto, tirou-lhe a concentração e acabou por ceder, pelos parciais de 6-7 (8/10), 4-6, 7-6 (7/4), 6-4 e 7-6 (10/8), ao fim de cinco horas e cinco minutos. O que significa que o japonês vai defrontar Novak Djokovic, nos quartos-de-final, com 13 horas e 47 minutos de ténis nas pernas.

O sérvio tem passado menos tempo no court, mas nesta segunda-feira foi novamente testado pelo russo de 22 anos, Daniil Medvedev (16.º). Djokovic acumulou 50 erros não forçados e cedeu dois breaks no duelo de mais de três horas, mas teve solidez e agressividades suficientes para quebrar Medvedev em sete ocasiões e vencer, por 6-4, 6-7 (5/7), 6-2 e 6-3.

“Estive com um set e um break de vantagem, algo semelhante com o Shapovalov, mas, infelizmente, perdi o serviço e deixei-o voltar ao encontro. Embora tenha ganho por três sets a um, parece que foram cinco sets. Foi fisicamente desgastante, tivemos pontos de 40, 45 trocas de bola”, explicou o líder do ranking, que procura um inédito sétimo título no Open da Austrália.

Esta madrugada, João Sousa e Leonardo Mayer discutiam um lugar nas meias-finais de pares com a sexta dupla mais cotada do torneio, Raven Klaasen/Michael Venus, depois de o vimaranense ter obtido o melhor resultado de sempre de um tenista português num Grand Slam ao atingir os quartos-de-final da variante.

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