Doentes urgentes de Loures e Montijo esperaram quatro vezes mais do que o recomendado

Ao final do dia de sábado, uma dezena de hospitais ultrapassava em muito os 60 minutos desejáveis para situações urgentes.

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Paulo Pimenta

O pior parecia ter passado, neste sábado à tarde, em dois dos maiores hospitais da região de Lisboa, como o Hospital Beatriz Ângelo em Loures ou o Amadora-Sintra, que voltou a receber doentes trazidos pelo INEM, depois de o plano de contingência activado na sexta-feira ter sido suspenso.

Contudo, uma dezena de unidades hospitalares, entre as maiores e aqueles que disponibilizam os tempos médios de espera no portal do Ministério da Saúde, ultrapassavam os tempos recomendados de 60 minutos para situações urgentes. Este cenário já era visível às 19h, mas agravou-se, e às 20h, em pelo menos dois hospitais, Loures e Montijo, o tempo real de espera, calculado como média das duas horas imediatamente anteriores, era o quádruplo do recomendado – quatro horas em vez dos 60 minutos previstos para doentes com a pulseira amarela, em situação considerada urgente, logo a seguir à laranja (muito urgente) e vermelha (emergente).

Em Penafiel, no Hospital Padre Américo, era de três horas; no Hospital São Francisco Xavier em Lisboa, era de duas horas e meia; em Vila Franca de Xira, o tempo médio de espera era de duas horas e 20 minutos também para casos urgentes; no São João do Porto já chegava também às duas horas, e estavam mais de 30 pessoas a aguardar o médico, depois da triagem; também Évora (com duas horas), Santarém (uma hora e 50 minutos) e Torres Novas (uma hora e meia) estavam entre os hospitais onde a situação se agravou mais ao longo do dia; Torres Vedras vivia uma situação mais preocupante com tempos de espera de uma hora e meia para casos muito urgentes.

No Hospital Amadora-Sintra, os doentes urgentes esperavam duas horas e os que estavam em situação muito urgente aguardavam uma hora. Umas horas antes, quando tudo parecia mais calmo, Deolinda preparava-se para levar a mãe com uma sonda alimentar para casa, onde o pai, de 87 anos, as aguardava sozinho.

A mãe deu entrada no hospital na quinta-feira. Ficou sob observação mas não internada. Não come, vomita e desmaia com frequência. “Hoje já me disseram que não a podem internar. Ontem, estavam muitas pessoas em macas, à espera de saber se eram ou não internadas, e eram quase só pessoas idosas. Só vi um jovem. Há muita gente como eu, como os meus pais”, lamenta Deolinda sobre a carência de apoios e a impossibilidade de deixar a mãe no hospital.

Quase à mesma hora, no Hospital Beatriz Ângelo em Loures, Maria do Rosário aguarda na sala de espera notícias da avó, sob observação, com uma insuficiência cardíaca. Na véspera, esperou dez horas para entrar. “Hoje parece mais calmo, pelo menos na sala de espera. A confusão é lá para dentro depois da triagem. E aí não sabemos como está”, dizia Maria do Rosário antes da situação se agravar ao final do dia, quando doentes urgentes passaram a ter de aguardar quatro horas.

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