Luz chega a montes isolados de Ourique no final de 2019

A instalação do sistema que passará a fornecer energia eléctrica a 38 montes irá custar cerca de 1,3 milhões de euros. A EDP Distribuição assegura 85% do investimento.

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Jose Sarmento Matos

O secretário de Estado da Energia, João Galamba, desloca-se nesta quinta-feira a Ourique para presidir à assinatura do protocolo entre a Câmara de Ourique e a EDP que dará continuidade ao projecto de electrificação dos montes isolados de Ourique iniciado, precisamente, na véspera do Natal de 1995. Nesse ano, passaram a receber energia eléctrica 43 montes distribuídos por várias freguesias do concelho, que até então eram alumiados à força de candeeiros a petróleo ou velas de estearina. Cerca de 350 mil euros foi o investimento então realizado.

Decorridos que estão 23 anos, a autarquia de Ourique e a EDP dão continuidade ao projecto que prevê o fornecimento de energia eléctrica a mais 38 montes. Numa primeira fase serão beneficiadas 20 habitações que, no final de 2019, já terão “botanitos” para alegrar no Natal do próximo ano. Passam, assim, a ter acesso à energia eléctrica os agregados familiares das freguesias de Santa Luzia, Garvão, Conceição e Panóias e Santana da Serra. Numa fase posterior serão beneficiados mais 18 montes. O valor total estimado para a 1ª e 2ª fase será de 1,3 milhões de euros.

O protocolo prevê a construção de oito quilómetros de linhas de média tensão, nove quilómetros de linhas de baixa tensão e onze pontos de transformação (PT) com uma potência total de 660 kVA. A instalação deste tipo de equipamentos obriga a estender as redes eléctricas serra acima, serra abaixo, até aos sítios mais recônditos, requer investimentos elevados, factor que explica a morosidade na electrificação de todo o concelho, que chegou a estar prometida para finais de 1997. Após a conclusão do projecto e com o protocolo que é assinado nesta quinta-feira, na biblioteca municipal Jorge Sampaio, em Ourique, cerca de uma centena de montes isolados passam a dispor de rede eléctrica, desde que o processo foi iniciado em 1995. O investimento realizado é superior a três milhões de euros.

Face à lentidão do avanço da electrificação, os painéis solares, ou os geradores a motor, passaram a ser o recurso alternativo a outras formas de iluminação mais artesanais. No entanto, os elevados encargos para a sua aquisição, para além de não estarem acessíveis à maior parte dos moradores dos montes, estavam longe de satisfazer as necessidades das famílias e sobretudo das pequenas explorações agro-pecuárias localizadas num território com edificações e explorações dispersas.

O presidente da Câmara de Ourique, Marcelo Guerreiro, descreveu ao PÚBLICO o impacto que a electrificação irá trazer para as habitações no interior da serra: “Para além da melhoria da qualidade de vida” de quem ali reside, “vem dar suporte à instalação de infra-estruturas que valorizam os produtos endógenos como o mel, o medronho, o queijo e outros produtos regionais”.

O autarca lembra que Ourique é um concelho que vive “essencialmente da actividade agrícola e da pecuária”, actividades que necessitam de ter acesso à energia eléctrica para a sua modernização e valorização. Por outro lado, não deixa de ser “paradoxal” que em pleno século XXI, “a luz ainda não tenha chegado a toda a gente”, realça o autarca, frisando que ter acesso à energia eléctrica “faz toda a diferença na qualidade de vida das pessoas”, conclui Marcelo Guerreiro, que tinha cinco anos de idade quando a electricidade chegou à serra de Ourique, pela primeira vez, em 1995. 

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