Benfica lá acabou por entrar na festa com a cabeça na Liga

Montalegre caiu de pé, despedindo-se com a honra intacta e escapando à goleada frente a uma “águia“ demasiado pálida.

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LUSA/PEDRO SARMENTO COSTA

Sem espírito festivo e depois de sugerir uma reflexão profunda sobre o calendário competitivo, Rui Vitória avaliou os riscos e abordou o encontro frente ao Montalegre, dos oitavos-de-final da Taça de Portugal (0-1), com o claro propósito de gerir o plantel para a recepção ao Sp. Braga. Essa preocupação reflectiu-se nas nove alterações introduzidas num “onze” mais do que suficiente para controlar um adversário órfão de treinador no banco, já que a suspensão imposta pelo Conselho de Disciplina a José Manuel Viage não foi levantada e o adjunto estava igualmente confinado à bancada, bem como o goleador da equipa, também por castigo.

A formação transmontana tinha, contudo, a lição bem estudada e, depois de vencer a ansiedade inicial, partiu para uma sementeira importante, criando a dúvida que se instalou na mente “encarnada”. A oportunidade oferecida por Rui Vitória a alguns jogadores menos utilizados não se traduziu, porém, num ímpeto natural de quem quer agarrar um lugar. Contra uma muralha de cinco médios focados e solidários, o Benfica não criava mais do que um par de lances, que mal davam para testar o jogo aéreo de Seferovic.

A linha defensiva e, em especial, o guarda-redes do Montalegre resolviam as questões mais prementes, ganhando o tempo necessário para o ataque combinar uma vaga que deixou a “águia” desconfiada e sob alerta laranja. Os locais construíram, aliás, a primeira oportunidade de perigo, com Vítor Pereira a cabecear muito perto do poste da baliza de Svilar. Imunes ao frio e à chuva, os barrosões resistiram uma boa meia hora, cedendo apenas num lance de bola parada, com o central argentino Conti a estrear-se a marcar pelo Benfica. Em vantagem, a equipa de Rui Vitória poderia, em tese, assumir de forma cabal e definitiva a condição de superfavorita, o que teimou em adiar, dando ao Montalegre a possibilidade de testar a confiança de Svilar, beliscada pelas incursões de Bonkat, Zack e Paulo Roberto.

Oficialmente incapaz de impor a lei do mais forte, permitindo que o adversário continuasse a alimentar a esperança de marcar — que justificava com incursões mais ou menos frequentes à área de acção de Jardel, beneficiando de uma oposição demasiado ligeira —, o Benfica desbaratava as boas oportunidades de golo que ia criando, sobretudo na sequência de lances de bola parada, com Jardel e Conti perdulários e incapazes de encerrar a discussão.

A inspiração do guarda-redes da casa e um relvado demasiado frágil, em processo de rápida degradação, desesperavam João Félix e animavam as bancadas. A goleada anunciada estava longe de ser confirmada por um Benfica que continua a alimentar uma imagem pálida, mesmo frente a um adversário que compete no terceiro escalão.

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