O conto de fadas de Keizer prossegue em Alvalade

”Leões” estiveram a perder por 2-0 frente ao Nacional, mas conseguiram recuperar e manter o registo 100% vitorioso em casa no campeonato com nova goleada.

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Bas Dost iniciou a recuperação do Sporting LUSA/MARIO CRUZ

Marcel Keizer e o Sporting continuam a viver um conto de fadas. E como é tradição em todas as histórias de encantar, esta também tem os seus momentos maus, em que tudo parece perdido, antes de um final feliz, por vezes inesperado e apoteótico. Princípios da narrativa fantástica que resumem perfeitamente a sexta vitória consecutiva do técnico holandês, por 5-2, ontem, frente ao Nacional.

Os números de Keizer em Alvalade já o fizeram entrar na história do clube. Em seis partidas sob o seu comando, os “leões” somam 25 golos, uma média superior a quatro por encontro. Nunca nenhum treinador tinha somado tantos golos nas suas primeiras semanas no clube. Sendo já notável este registo não fica por aqui: Marcel igualou também os seis triunfos consecutivos de John Toshack, na temporada de 1984-85, passando a ser o terceiro melhor de sempre.

Apesar de tudo, este desfecho feliz frente ao Nacional parecia inimaginável à passagem do minuto 25, quando as coisas pioraram bastante antes de melhorarem. Com um bloco alto, mas pouca velocidade e muito espaço na sua retaguarda, o Sporting sofreu dois golos em transições rápidas do Nacional. O primeiro, logo aos 6’ — num belo remate à entrada da área de João Camacho —, ainda parecia fruto do acaso e perfeitamente recuperável. Mas o segundo, aos 25’ — cabeceamento do sérvio Palocevic entre os centrais —, começou a enervar a equipa e as bancadas. Até porque os insulares não largavam o osso e até estiveram perto de chegar ao terceiro.

Valeu um derrube de Bas Dost na área, aos 34’, para o próprio holandês assumir as responsabilidades da grande penalidade e reduzir, deixando tudo em aberto para o segundo tempo. Nos balneários, os “leões” deixaram os fatos de gala e vestiram a farda da tropa.

O holandês operara para esta partida uma “revolução” na equipa, com sete alterações em relação ao anterior “onze”, fruto de limitações por castigo, lesões e poupanças físicas (a meio da semana a equipa recebe o Rio Ave para a Taça de Portugal). E ao intervalo, interrompeu a primeira titularidade de Bruno César na temporada para chamar o jovem Miguel Luís.

No final do encontro, Keizer não quis revelar o que disse aos jogadores ao intervalo, mas o facto é que o que quer que fosse, ou em que língua, resultou até melhor do que o próprio técnico esperaria. Os “leões” melhoraram substancialmente a qualidade de passe e circulação, cercaram a baliza de Daniel e voltaram a ser uma máquina trituradora atacante.

Após algumas ameaças com remates de meia-distância de Nani e Bruno Fernandes, acabaria por ser este último a empatar o encontro, já aos 70’. Mas o aproveitamento que o Sporting fez dos últimos 20 minutos foi estonteante.

Com grande classe e talento, o central Mathieu colocou a sua equipa pela primeira vez em vantagem aos 75’, na cobrança de um livre. Respirou-se fundo, mas não era ainda altura para descansos. Dez minutos depois e com alguns sobressaltos pelo meio perto da baliza de Renan, um novo penálti sofrido e cobrado novamente por Bas Dost resolveu a questão dos três pontos. E Bruno Fernandes, no início do período de descontos, também bisou, num lance que chegou a ameaçar ser uma grande oportunidade perdida por Bas Dost.

Mais cinco golos que tornam o Sporting no conjunto mais concretizador do campeonato, ultrapassando o FC Porto. É verdade que os “leões” de Keizer encaixaram pela primeira vez mais do que um golo na sua baliza, mas o técnico já deixou claro o que pretende: “Sofrer golos não é um problema quando a equipa marca muitos golos. O que interessa é ganhar. E prefiro ganhar por 3-2 a ganhar por 1-0.” Assim tem sido.

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