Juiz da Operação Fizz diz que procurador tentou favorecer ex-"vice" de Angola

Tribunal considera que o então procurador Orlando Figueira tentou favorecer o ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, quando não investigou como devia a proveniência do dinheiro usado na compra de um apartamento.

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LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Na leitura do acórdão da Operação Fizz, que está a decorrer esta sexta-feira à tarde no Campus da Justiça, em Lisboa, o juiz Alfredo Costa apontou várias vezes a falta de credibilidade das declarações dos arguidos.

Embora a leitura das centenas de páginas da decisão ainda não tenha terminado, o juiz sublinhou que o antigo procurador do Ministério Público Orlando Figueira tentou favorecer o ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, quando não investigou como devia a proveniência do dinheiro usado na compra de um apartamento. Orlando Figueira é suspeito de ter recebido luvas de Manuel Vicente para arquivar um inquérito em que o ex-governante era visado, relacionado com a proveniência dos 3,8 milhões de euros que usou para comprar o apartamento de luxo no Estoril.

Ciente de que tudo se encaminha para a sua condenação, Orlando Figueira disse aos jornalistas num intervalo da leitura do acórdão, que tem mais de 500 páginas, que pondera processar os juízes deste caso por denegação de justiça. 

Quer Orlando Figueira quer os outros dois arguidos do processo, o advogado Paulo Blanco e o empresário Armindo Pires, que o Ministério Público diz terem sido intermediários do negócio, sempre negaram terem cometido os crimes de que são acusados, entre os quais corrupção e branqueamento de capitais. Mas o juiz já mostrou que não ficou convencido da sua inocência. “Orlando Figueira veio dar o dito por não dito”, criticou o magistrado, numa alusão ao facto de o procurador ter mudado a sua versão dos factos entre a fase de inquérito do processo e o início do julgamento, para implicar o advogado Daniel Proença de Carvalho e o banqueiro angolano Carlos Silva. Nalguns aspectos, “as versões dos arguidos não merecem qualquer credibilidade”, observou. 

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