Venham os japoneses

Os japoneses em Portugal reparam em tudo não só por curiosidade como por respeito e boa educação. São qualidades que nos faltam.

Carlos Coelho com a campanha Portugal Genial tem feito tudo e mais alguma coisa para que aprendamos a dar valor às coisas que temos, sejam físicas ou metafísicas.

O mal também é nosso porque queremos coisas boas e baratas, uma combinação rara que é cada vez mais difícil produzir.

Qual é o país onde mais sabem dar valor às coisas que têm? Talvez seja o Japão. Eles nunca separam as coisas das pessoas que as fazem. Admiram a pessoa no objecto e o objecto na pessoa. A admiração é um respeito: não se sentem menorizados por admirar a grandeza dos outros.

Não seria prático entregar Portugal aos japoneses durante os próximos vinte anos - afinal o Japão também precisa deles - mas porque não entregar-lhes a administração da zona dita mais subdesenvolvida de Portugal, para ver o que acontecia?

Um amigo meu japonês pediu-me para redigir um convite para uma grande festa. Imprimi o texto e, à última hora, fiz umas correcções à mão. Ele ficou todo contente e mandou para a tipografia, mas não como eu esperava, pois mandou reproduzir o manuscrito, tal qual eu o tinha entregado.

Explicou-me: "escrito por escritor, bom. Impresso por máquina, não tão bom". Antes que eu pudesse sentir-me elogiado adiantou: "verdade para toda a gente, naquilo que faz".

Os japoneses em Portugal reparam em tudo não só por curiosidade como por respeito e boa educação. São qualidades que nos faltam. Gostamos demais de cada um de nós dar valor a coisas diferentes. Gostamos demais de discutir e, sobretudo, de discordar.

Precisamos de ajuda.

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