Ana da Silva vai regressar a casa para o festival Madeira Dig

Ana da Silva, das históricas The Raincoats, nasceu na Madeira, regressando agora à ilha para o festival Madeira Dig, que decorrerá entre 30 de Novembro e 3 de Dezembro, com a música aventureira de Amnesia Scanner, Eric Chenaux, Baby Dee ou Damien Dubrovnik.

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Ana da Silva e a japonesa Phew

O festival Madeira Dig, que se concentra na música electrónica ou electroacústica de cariz mais exploratório, realiza-se mais uma vez entre 30 de Novembro e 3 de Dezembro, na Madeira, mais exactamente entre a Estalagem da Ponta do Sol, na localidade do mesmo nome, e o museu de Arte Contemporânea da Madeira (MUDAS), na Calheta.

Como é costume acontecer o evento atrai muito público oriundo da Europa, seja da Alemanha, França ou de Inglaterra, que acaba por permanecer na Madeira durante alguns dias para desfrutar de alguma da música mais aventureira dos nossos dias e do clima ameno da ilha. Do cartaz da 15ª edição do festival faz parte o duo de Berlim, Amnesia Scanner, que têm dado que falar graças ao álbum de estreia deste ano, Another Life, uma espécie de banda-sonora digitalizada do caos e da desordem, com tradução num som electrónico contundente feito de batidas que não se dançam propriamente, ou como os próprios dizem: “o nosso trabalho situa-se nas tangentes entre a utopia tecnológica e a distopia.”  

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A polaca Karolina Rec, mais conhecida por Resina

No decorrer deste ano a portuguesa Ana da Silva, 70 anos, nascida no Funchal, figura histórica do pós-punk britânico e fundadora das The Raincoats, grupo de culto que influenciou sucessivas gerações e foi divinizado por Kurt Cobain dos Nirvana, lançou este ano um álbum em colaboração com a artista electrónica japonesa Phew. Deram-lhe o nome de Island e agora irão apresenta-lo à Madeira. Trata-se de um regresso a casa de parte da madeirense que a meio dos anos 1970 partiu para Londres onde iniciou um relevante percurso musical. Recorde-se que, no Verão, ela esteve em Portugal para três apresentações com as Raincoats. Agora regressa na sua faceta mais imersiva e experimental.

Outra presença significativa no festival será a do idiossincrático guitarrista canadiano Eric Chenaux, que irá mostrar o seu último álbum, Slowly Paradise. Um apaixonado por música livre e improvisada, nas margens do jazz, da folk, da pop ou do som escultórico, tem vindo a lançar discos solitários ou em colectivo desde o início dos anos 2000, sendo hoje uma das figuras mais destacadas da cena mais exploratória do Canadá. Também daquele país é Jessica Moss, membro permanente da Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra e fundadora da Black Ox Orkestar, para além de parceira criativa de Carla Bozulich, tendo-se estreado em nome próprio o ano passado, preparando agora novo lançamento. O seu instrumento de eleição é o violino, exactamente o mesmo que a polaca Karolina Rec, ou seja Resina, música e compositora para cinema ou dança, já com dois álbuns lançados na Fat Cat – o último, deste ano, chama-se Traces.

De Viena chegará a cantora, compositora, improvisadora e música electroacústica e artista sonora Maja Osojnik, que utiliza o aparelho vocal como principal instrumento, enquanto da Dinamarca virá a dupla Damien Dubrovnik, conhecidos pelas actuações ao vivo viscerais, físicas e intensas, entre o grito próximo do metal e o ruído electrónico mais poderoso. Também pelas margens do ruído, neste caso mais ambientalista, navegam os madeirenses Rui P. Andrade & Aires, membros co-fundadores do agrupamento de colaboração artística Colectivo Casa Amarela, que terão honras de abrir o festival no próximo dia 30 de Novembro. 

Todos estes nomes actuarão no MUDAS, enquanto a Estalagem da Ponta do Sol receberá figuras como o da performer, cantautora e multi-instrumentista americana Baby Dee, ou os romenos Karpov not Kasparov, que como o nome indicia começou a fazer música com base nas regras e estratégias do xadrez, daí resultando qualquer coisa de dançante. Com uma sonoridade electrónica mais sombria, de vocais etéreos, apresentar-se-á a russa Kedr Livanskiy, enquanto a polaca Olivia, residente do festival Unsound, ou a espanhola Tutu, propiciarão sessões DJ. As tonalidades electro da inglesa Solid Blake e as meditações nocturnas de Silvia Kastel, entre o jazz, o industrial e o noise, completam o cartaz. 

Ao longo dos anos, mais exactamente desde 2004, numa organização da Agência de Promoção da Cultura Atlântica, em parceria com a Estalagem da Ponta do Sol e a agência Digital in Berlin, têm passado pelo festival algumas das figuras mais conhecidas das músicas electrónicas mais aventureiras como William Basinski, Grouper, Fennesz, Oval, Lee Ranaldo, Tony Conrad, Supersilent, Oneohtrix Point Never, Tim Hecker, Alva Noto, Murcof, A Winged Victory For The Sullen, Yves Tumor ou Ben Frost.

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