Cartas ao director

Touradas e OE

Com cerca de 2,5 milhões de portugueses no limiar da pobreza e a viver mal, com graves falhas na Saúde, Educação, Segurança Social, Justiça, etc., as touradas é que são o grande tema do Orçamento do Estado? Tal é mesmo para distrair e iludir as pessoas e esconder as questões importantes.

Ernesto Silva, V. N. Gaia

Alegres e... corajosos

Saúdo a manifestação de indignação de Manuel Alegre. Embora não concorde com a reclamação do poeta e político, esta trouxe à discussão o consentimento público ou não da existência de touradas.  Os argumentos de Alegre constituem um paradoxo se considerarmos o passado político do ex-candidato à Presidência da República. Alegre combateu a ditadura, a PIDE e os métodos e as torturas que infligia aos presos para que falassem.

Entendo que a evolução civilizacional perpassasse pela luta do democrata contra a violência física e psicológica que o antigo regime dirigia a quem ousasse discordar da sua política.  Creio que nesta matéria nunca nenhum oposicionista se questionou se deveria calar-se perante tais práticas que legitimavam assim o gosto de Salazar em não ter contraditório.

Torturar, agredir, matar pessoas em nome de uma ideologia é inaceitável. É isso que se espera da Democracia. Defender a existência e com subsídios e regalias do Estado de espectáculos que vivem dos maus tratos a animais, é impor a ditadura do gosto de alguns. Perante a tortura física e desproporcionada de pessoas ou animais não se coloca o direito ao gosto, mas sim o direito à vida com dignidade, e isto uma sociedade civilizada tem de assegurar. Tem de ser garantida a liberdade de se gostar de azul e não gostar de verde, mas já não pode garantir a de matar e torturar. E acabar com isso é um acto civilizado. 

Só um desesperado fundamentalismo pode invocar pluralismo e tolerância para com a barbárie. Defesa de postos de trabalho? Então a PIDE não seria extinta. Ainda aqueles que consideram que a tourada é uma exibição de coragem, sugiro que alegremente a demonstrem na arena mas sem ferros, sem bandarilhas, sem toureiro a cavalo e sem o toiro dopado.

Aristides Teixeira, Almada

Manifesto

Confesso a minha estupefacção perante o teor do "Manifesto por uma Floresta não Discriminada". Trata-se de um texto muito bem redigido que pretende fundamentar a importância do eucalipto no seio da floresta portuguesa, refutando os argumentos dos que acusam a proliferação desta espécie exótica como uma das causas da rápida propagação dos fogos que nos últimos anos têm ocorrido no nosso país. Os argumentos e estatísticas apresentados no manifesto parecem correctos, mas o artigo do engenheiro silvicultor Paulo Pimenta de Castro, publicado neste jornal no dia 17 de Novembro, vem "pôr o dedo na ferida" ao referir as omissões e meias-verdades daquele texto.
Custou-me muito ver entre os subscritores do manifesto António Bagão Félix, pessoa que respeito e de cuja isenção não duvido. Mas, para não me alongar, eu diria à laia de comentário final: "com a verdade me enganas!".

Luís Filipe Barroso, Lisboa

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