Paris Saint-Germain investigado por discriminação

Clube parisiense acusado de traçar um perfil étnico de potenciais contratações.

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Responsáveis do emblema gaulês negam discriminação Reuters/CHRISTIAN HARTMANN

As autoridades francesas iniciaram uma investigação que pretende averiguar as suspeitas de que o Paris Saint-Germain (PSG) escolhia os novos jogadores segundo um perfil étnico. De acordo com fontes judiciais, a operação foi iniciada na passada sexta-feira. Suspeita-se que os observadores do clube seriam obrigados a registar o país de origem, etnia e nacionalidade dos talentos, aspectos que, mais tarde, teriam importância na integração dos jovens na academia do clube.

As autoridades francesas procuram perceber se os parisienses recolheram “dados de natureza pessoal através de meios fraudulentos, injustos ou ilícitos” e se existiu “recolha e processamento de dados que directa ou indirectamente faz referência às origens étnicas ou raciais dos jogadores”. O diário espanhol AS escreve que Marc Esterloppe, responsável pelo departamento de observação no período em questão, teria alegadamente salientado que figuravam demasiados “jogadores africanos” no clube gaulês e que “a hierarquia queria mais jogadores de origem francesa”.

Apesar de os responsáveis do PSG negarem a existência de veracidade nestas suspeitas, o gigante da Ligue 1 admitiu que formulários com “conteúdo ilegal” eram utilizados pelo departamento de scouting. Um trabalho de investigação da Media Part revelou que os olheiros eram obrigados a detalhar aspectos étnicos das jovens “estrelas”. A publicação vai mais longe e garante que há casos em que jogadores não foram contratados pelo emblema francês devido a características étnicas.

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Dos 28 jogadores do plantel, 11 têm nacionalidade francesa CHRISTOPHE PETIT TESSON

Investigação interna “não encontrou provas” 

Em entrevista ao Le Parisien, Jean-Claude Blanc, vice-presidente executivo do PSG, alegou não ter conhecimento das folhas “étnicas” até a polémica ter estalado. O trabalho da Media Part fez referência a uma reunião ocorrida em 2014, em que os membros da direcção do clube teriam, alegadamente, discutido preferências étnicas para os novos reforços. O dirigente negou veementemente a discussão dessas questões: “Em caso algum, nessa reunião [de 2014] ou noutras, as fichas com componentes raciais foram mencionadas. Se tivéssemos tido conhecimento desses cartões, as decisões que tomámos há quatro anos teriam sido completamente diferentes”. 

Logo após os relatos que apontavam para a recolha e utilização de dados pessoais, foram os próprios dirigentes do clube a iniciar uma investigação interna para apurar responsabilidades. Investigação, essa, que se revelou infrutífera, devido à falta de elementos que provassem discriminação.

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