Cartas ao director

O cinismo ao vivo

De quando em vez, e isso podia ser saudável se fosse acompanhado por atitudes concretas exemplificadoras, mas infelizmente não passam de actos de retórica, aparecem grupos heterogéneos de cidadãos que, através de manifestos dirigidos à nação, pretendem melhorar a vida dos portugueses, com propostas contrárias às decisões governamentais.

A grande maioria dos signatários, bem ou razoavelmente instalados na situação, donde desfrutam, ou desfrutaram, de benesses que estão vedadas a outros, sem propor algo que os afecte nos seus proventos, antes pelo contrário, atrela-se a medidas demagógicas, encarreiradas nas legítimas reivindicações de quem já não tem capacidade de viver com o seu actual rendimento de trabalho, quanto mais se este vier a ser reduzido.

De algumas dessas figuras o descaramento é total. Talvez se julguem abençoadas e por isso com direito a uma reforma política e outra profissional, quando o vulgar cidadão tem apenas a reforma do trabalho. Eles sabem que noutros países, e com economias mais saudáveis, há apenas direito a uma reforma, e que a actual situação económica e financeira do país é também uma consequência desse desfalque que vem sendo feito há anos a esta parte sem que estas cabeças pensadoras se preocupassem com os seus efeitos.

Verifica-se que os peticionários pertencem a uma elite intelectual, onde não estão inseridos as pessoas que trabalham e produzem bens reais. Não há operários, agricultores, pescadores, médicos, engenheiros, administradores de empresa neste peditório, todos aqueles que alimentam a máquina produtiva da nação.

Este pessoal, alguns bem-intencionados, lança um foguete na escuridão da noite e, assim, alivia as suas consciências, mas de facto, a maioria não está disposta a prescindir voluntariamente das vantagens que a sociedade lhes tem concedido, primeiro porque foram “direitos adquiridos” e depois porque não estão formatados para tal.

Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo

Rigor e transparência

Nos últimos tempos, tem estado na moda as chamadas fake news, que vêm alimentando os media, produzindo polémicas, sem que seja analisada previamente a origem das fontes e a sua credibilidade, o que contribui para que os leitores e ouvintes, se questionem e até duvidem da veracidade ou não de certas notícias.

Ao ritmo em que vivemos o nosso dia-a-dia, grande parte das vezes nem sequer temos tempo e principalmente a preocupação de procurar saber qual a origem destas notícias, cuja gravidade pode ter implicações na vida das pessoas ou das instituições.

Vivemos numa sociedade onde as regras da comunicação têm sido colocadas de lado, e onde importa mais o lucro fácil, com a produção de polémicas, que decorrem dessas mesmas notícias, em que os seus autores pouco se importam com as consequências para os visados, sejam eles pessoas ou entidades, pelo que quando nos apercebemos desta falta de transparência, em que o importa acima de tudo é o lucro associado ao sensacionalismo, seria altura das entidades competentes exigirem mais rigor e transparência na produção da notícia. Américo Lourenço, Sines

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