A Avenida da Boavista está mais despida e a culpa não é do Outono

Dezenas de árvores foram abatidas durante as obras de beneficiação do pavimento. A autarquia garante que estão previstas novas plantações.

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André Rodrigues
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Desde o início do mês que a Avenida da Boavista, e em concreto o troço entre a Avenida do Doutor Antunes Guimarães e a Avenida do Parque, tem vindo a perder as árvores que lhe davam cor e sombra. Os trabalhos de beneficiação no pavimento daquela via começaram a 2 de Novembro e desde então que os moradores da zona falam num “corte desenfreado de árvores”, algumas delas muito antigas. 

Segundo o site da Câmara Municipal do Porto, as obras em curso visam “corrigir a faixa de rodagem, retirando as lombas provocadas pelas árvores com raízes superficiais, o que permitirá melhorar significativamente as condições de circulação automóvel”. Serão também removidas “árvores que estejam a causar obstáculos à segurança dos veículos ou que apresentem fracas condições de sustentabilidade”. 

José Carlos Marques, presidente da associação ambientalista Campo Aberto, afirma que a organização não foi contactada por parte da Câmara Municipal do Porto sobre qualquer intenção de abate de árvores em qualquer parte da cidade. 

“Soubemos há um ou dois dias através de alertas de cidadãos, moradores, incluindo por parte do Fórum Cidadania Porto, que estaria a ocorrer abates em algumas zonas da cidade e só temos de estranhar e lamentar esta atitude, em comparação com o que era de esperar dos contactos tidos entre as duas partes, e da aparente abertura para os assuntos relacionados com o ambiente”, disse o responsável da associação, que é membro convidado do Conselho Municipal de Ambiente, um órgão consultivo para promover o debate e participação em torno do desenvolvimento sustentável.

O dirigente considera que não se justifica o abate de árvores, “a não ser que exista o perigo iminente de queda”, e estranha que, no caso de necessidade de repavimentação, esta operação não ocorrido antes em “sectores da cidade que estão interessados nesse assunto e cujo parecer seria válido”.

Contactada pelo PÚBLICO, a Câmara Municipal do Porto garante que o abate de árvores é sempre analisado por técnicos na área da gestão florestal do município e em função de critérios objectivos — nomeadamente, no caso de sinais de graves fragilidades ou de árvores que apresentem riscos para pessoas e bens.

Em Outubro, aquando da passagem da tempestade Leslie, caíram na zona da Avenida da Boavista três árvores de grande porte — uma situação que a autarquia pretende que não se repita. 

A autarquia garante ainda que estão previstas plantações compensatórias, “tendo em conta critérios de gestão sustentável que passam pela selecção criteriosa de espécies de forma a garantir a permanência a longo prazo dos exemplares”.

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