Miguel Cardoso chegou a Vigo e não esqueceu o melhor da Galiza

O treinador português foi apresentado no Celta de Vigo. A região espanhola da Galiza não é um território estranho para o ambicioso e confiante Miguel Cardoso.

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TWITTER/RC CELTA

Miguel Cardoso foi apresentado no final da manhã desta terça-feira como o novo treinador do RC Celta, da cidade de Vigo. Na noite anterior, o clube espanhol já tinha anunciado a chegada do técnico português, cerca de dez minutos depois de oficializar a rescisão do treinador anterior, Antonio Mohamed.

Na introdução a Miguel Cardoso, o Presidente do Celta de Vigo, Carlos Moriño, disse que se trava de "um dia triste, mas de muitíssima esperança. Triste porque nunca é agradável dizer adeus a uma boa pessoa como foi o treinador que tivemos, Antonio Mohamed. Esperança porque apresentarmos um treinador [Miguel Cardoso] que queremos que nos devolva a ilusão e a luta nesta equipa e melhorar o que temos feito até ao dia de hoje."

A apresentação a Miguel Cardoso, variou de idiomas - em espanhol, a primeira coisa que disse que iria melhorar enquanto fosse treinador do Celta, português e inglês - mas a mensagem era a mesma ao longo das perguntas que lhe eram colocadas na conferência de imprensa. 

"Mais do que tudo, não é importante marcar um ponto de chegada, mas dar uma importância a um ponto que necessitamos que temos de fazer permanentemente, que é o processo. É necessário começar um processo colectivo que os jogadores precisam de compreender o mais rápido possível. Criar uma equipa competitiva. São essas as equipas que ganham mais vezes. Se ganhas mais vezes, vão-te acontecer coisas boas. A atitude que vamos colocar a cada dia, jogo e treino vai decidir onde vamos chegar", transmitiu Miguel Cardoso, deixando vários detalhes e a promessa de que vai falar sobre futebol, se lhe fizerem perguntas sobre tal.

"O treinador precisa de saber onde a equipa está. O Celta tem uma identidade própria, que afirma a equipa. Tem de ser o mais rapidamente possível afirmativa. Por mais que compreenda todos os momentos de jogos, tem de ser agressiva, controlar a bola. Sabemos o que queremos e onde chegar, mas é um processo gradual. É preciso ter a intenção a cada minuto de oportunidades", descreveu o treinador que ainda quis clarificar: "O sistema não é o mais importante do futebol. É estático, é xadrez. O futebol não é isso. É dinâmico, pois o importante é as relações que os jogadores são capazes de interpretar e transmitir para o jogo ganhar uma dinâmica. Agora, como vamos distribuir as ‘pedras’, vamos ver. A relação entre as partes é o mais importante."

"Quero que entre duas semanas e um mês todos os jogadores compreendam o jogo da mesma maneira. É necessário não deixar a criatividade dos jogadores de lado, mas com uma regulação. Ser mais fortes quando temos a bola, perdemo-la e a recuperamos. É importante pensar o mesmo a qualquer momento de jogo. O meu objectivo é também desenvolver jogadores, para lhes criar valor. É esse o nosso desafio", referiu.

Nesta conferência, Miguel Cardoso ainda teve tempo para recordar o que a Galiza significa para ele. O treinador é natural da Trofa, a pouco mais de 100 quilómetros de Vigo. "Estar na Galiza é como estar em casa porque é uma hora da minha casa. É perto. Recordo-me em pequeno de vir a Vigo com os meus pais para fazer compras. Era normal. Comprar bacalhau, arroz, rebuçados, bombons. Na ponte de Vigo, lá estava a polícia ver o que levávamos. Um pouco mais tarde, em jovem, vinha cá para os copos. Algo que agora não é fácil, mas vontade não falta. É uma ligação emocional que é importante e me dá muito. Conheço o plantel e o tem feito nas partidas nos últimos meses. Tenho seguido este e outros clubes desde que deixei França. O futebol espanhol passa por todos. É muito fácil ter acesso e vê-lo. Creio que neste momento já fiz mais coisas boas e más e sinto que é por isso que estou aqui. É certamente um ponto importante da minha carreira. Uma página de ouro. A liga espanhola é uma das maiores do mundo", revelou.

Além disso, o treinador escusou-se a comentar o facto de ter sido associado ao Sporting nas últimas semanas. "Neste momento só é uma questão minha o que vai passar no Celta. Tudo o resto não é assunto", rematou.

Miguel Cardoso tem 46 anos e depara-se com a equipa do Celta de Vigo com apenas três vitórias em 12 jogos e na 14.ª posição da Liga espanhola. Nesta equipa, o treinador terá a sua segunda experiência como técnico principal no estrangeiro, depois do Nantes, clube em que entrou nesta época, proveniente do Rio Ave. Antes, passou, como preparador, pelo Belenenses e como adjunto pela Académica, Sporting de Braga, Sporting, Deportivo da Corunha (Espanha) e Shakthar Donetsk (Ucrânia).

Jorge Maciel, António Calado e Francisco Costa serão os outros elementos da equipa técnica de Miguel Cardoso. No entanto, ainda vai ser anunciado mais um assistente do português.

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