Área ardida diminuiu este ano 69% face à média da última década

Foram detidas 149 pessoas e identificados 805 suspeitos de atearem fogo.

Foto
O número de incêndios também baixou LUSA/PAULO CUNHA

O número de incêndios diminuiu este ano 43% em relação à média da última década e a área ardida baixou 69%, indica um balanço de 2018 do Ministério da Administração Interna (MAI), que hoje vai ser apresentado. Em contraste, 2017 foi o ano com mais área ardida da última década.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O número de incêndios diminuiu este ano 43% em relação à média da última década e a área ardida baixou 69%, indica um balanço de 2018 do Ministério da Administração Interna (MAI), que hoje vai ser apresentado. Em contraste, 2017 foi o ano com mais área ardida da última década.

Estes dados do MAI vão ser divulgados durante um briefing operacional de "balanço dos incêndios rurais de 2018" que se realiza na Tapada Nacional de Mafra, antes da realização do Conselho de Ministros.

O balanço, a que a agência Lusa teve acesso, adianta que este ano foram detidas 149 pessoas e identificados 805 suspeitos pelo crime de incêndio florestal, além de se terem registado 336 contraordenações devido a queimadas e 621 devido a queima de sobrantes e realização de fogueiras.

Este ano foram também levantados 7549 autos de contra-ordenação pela não-limpeza de terrenos no âmbito do sistema de defesa da floresta contra incêndios.

O balanço do MAI precisa que para a redução de ignições em 43% face à média dos dez anos anteriores terá contribuído "a aposta na sensibilização da população, a implementação dos programas "Aldeia Segura" e "Pessoas Seguras", o reforço das vigilância, patrulhamento florestal e fiscalização através do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) e Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR".

Os incêndios florestais consumiram este ano 43.532 hectares, significando uma redução em 69% relativamente à média dos dez anos anteriores.

O MAI atribuiu esta redução ao reforço do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) e ao desempenho dos agentes de protecção civil, destacando os bombeiros.

Prevenção e combate

Segundo o MAI, as soluções de redundância da rede SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal) "revelaram-se eficazes e o sistema funcionou sem constrangimentos".

Este ano foi reforçada a rede SIRESP com quatro estações móveis, ministrada mais formação dos utilizadores, colocados elementos da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) no Centro de Operação e Gestão do SIRESP nos grandes incêndios e instalados sistemas de redundância de transmissão e energia.

"O SIRESP actualmente dispõe de sistemas satélite que garantem o funcionamento do sistema mesmo com comprometimento da rede de transmissão e 18 geradores que são projectados sempre que uma estação base passe a ser alimentada por baterias", refere o MAI.

Este ano acabaram as fases de combate a incêndios, passando a existir um dispositivo permanente composto por elementos dos GIPS da GNR, Equipas de Intervenção Permanente (EIP) nos corpos de bombeiros, Força Especial de Bombeiros e Equipas de Sapadores Florestais e dez meios aéreos ao longo de todo.

Com um aumento de 79 EIP e de 600 elementos na GNR (500 para o GIPS e 100 para o SEPNA), o DECIR contou este ano, no período de maior reforço de meios e considerado de maior risco de incêndio, com mais 1027 operacionais e sete meios aéreos.

O reforço de meios foi prolongado este ano por duas vezes devido às condições meteorológicas, o primeiro foi a 1 de Outubro, com a manutenção do dispositivo na sua capacidade máxima de resposta, e o segundo a 16, terminando este aumento de meios terrestres a 31 de Outubro.

No âmbito da prevenção, o MAI destaca a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros destinada às autarquias locais que executaram acções de gestão de combustível em substituição dos proprietários, o sistema de aviso por mensagem de telemóvel e a instalação de 32 novas câmaras de videovigilância florestal, além da criação dos programas "Aldeias Seguras" e "Pessoas Seguras".

Segundo o MAI, o programa "Aldeias Seguras", que visa promover a protecção de aglomerados populacionais e de protecção florestal, envolve actualmente 1630 aglomerados, estando designados 1630 oficiais de segurança, foram elaborados 720 planos de evacuação e identificados 1310 locais de abrigo e refúgio.

O Conselho de Ministros realiza-se esta quinta-feira na Tapada de Mafra, sendo antecedido por um briefing operacional aos membros do Governo e à comunicação social, com intervenções dos presidentes do Instituto Português do Mar e Atmosfera, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, da Autoridade Nacional de Protecção Civil e da Estrutura de Missão para a Instalação do Sistema de Gestão Integrada dos Fogos Rurais.