Major Brazão subalugava casa do Estado a turistas

Antigo porta-voz da PJM, detido pelo caso de Tancos, arrendava apartamento como alojamento local.

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Lisboa Rui Gaudencio
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MInistro exige transparência total neste processo LUSA/MÁRIO CRUZ

O Ministério da Defesa confirmou esta quarta-feira que o major Vasco Brazão, detido na sequência do caso de Tancos, era fiador de um apartamento do Estado arrendado pelo filho e por ele subarrendado indevidamente a turistas, na Ajuda, em Lisboa. O Ministério da Defesa confirmou que o apartamento em causa foi arrendado a 1 de Janeiro ao filho do major Vasco Brazão, que tem o mesmo nome civil e arrendou a casa “para habitação própria”, mas não vive no local, como avançou na terça-feira à noite a TSF. 

A casa, num terceiro andar na Rua da Aliança Operária, no Bairro da Ajuda, surge anunciada na plataforma de alojamento temporário a turistas Airbnb com a fotografia do major Vasco Brazão, segundo uma imagem que circula na rede social Facebook, e confirmada pelo relatório de uma inspecção realizada no final do mês de Setembro.

Ministro quer transparência

Questionado na terça-feira sobre as situações de subarrendamento a turistas de casas do Estado, noticiada pelo Diário de Notícias, e ainda antes de receber os esclarecimentos do IASFA [Instituto de Acção Social das Forças Armadas], o ministro da Defesa Nacional disse que há “uma orientação fortíssima deste Governo” para “o mais depressa possível se conhecer totalmente e com transparência quem são os utentes, quais são as condições em que beneficiam de algo que é importante, quais são os preços que pagam, quais são os seus rendimentos”.

Segundo os esclarecimentos dados à Lusa pelo Ministério da Defesa, divulgados esta quarta-feira, o contrato celebrado com o filho do major Vasco Brazão proíbe o subarrendamento, pelo que, depois da denúncia, formalizada no passado dia 1 de Outubro pelo titular do contrato, as chaves terão de ser entregues até ao fim do mês.

O instituto está ainda a avaliar a situação para determinar, como prevê o contrato, uma possível indemnização pelo sucedido. No relatório da visita dos técnicos do IASFA ao apartamento refere-se que, contactado o arrendatário, “o mesmo mostrou-se muito surpreendido, referindo que iria contactar o seu pai”, major Vasco Brazão.

Queixa de moradores

Aos técnicos do IASFA o major Vasco Brazão confirmou que o filho “não estava a par da situação, porque não habita a fracção” e que “de vez em quando tem alugado a casa a amigos estrangeiros”. A visita do IASFA ao apartamento da Rua Aliança Operária foi realizada no final de Setembro, mas aquele instituto já tinha recebido uma queixa de moradores do prédio, militares, em Maio passado.

O ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar está em prisão domiciliária no âmbito da Operação Húbris, que investiga a recuperação do material militar furtado em Tancos. Segundo a documentação divulgada esta quarta-feira, o major Vasco Brazão arrendou, em nome próprio, ao IASFA uma casa no Bairro de Alvalade, em 2015, e concorreu ao arrendamento de uma segunda casa, na Avenida de Roma, também em Lisboa, que estava a concurso por 750 euros mensais.

O major fez uma oferta no valor de 751,01 euros e ganhou o concurso, mas o IASFA decidiu não lhe atribuir a habitação, na sequência das irregularidades detectadas em relação à casa da Rua Aliança Operária, da qual era o fiador no contrato de arrendamento. Segundo o Ministério da Defesa, o IASFA não detectou até à data outras situações irregulares.