Conhecido mestre de capoeira morto depois de revelar voto em Haddad

Romualdo Rosário da Costa foi esfaqueado 12 vezes depois de discussão com eleitor de Jair Bolsonaro num bar em Salvador da Bahia.

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"Moa do Katendê" DR

O mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, de 63 anos, conhecido como “Moa do Katendê”, estava num bar em Salvador quando um homem começou a gritar pelo nome de Jair Bolsonaro, candidato de extrema-direita que venceu a primeira volta das eleições presidenciais no Brasil. Acabou morto com 12 facadas

Segundo o relatório policial, citado pela imprensa brasileira, esta situação motivou uma discussão política entre o apoiante de Bolsonaro e o mestre de capoeira. Este disse que naquele local as pessoas preferiam o Partido dos Trabalhadores (PT), revelou que tinha votado no candidato Fernando Haddad e criticou Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL).

Tudo aconteceu na madrugada de segunda-feira, por volta das 3h da manhã, depois da primeira volta das presidenciais. O confesso autor do crime acabou por ser detido pouco depois.

Identificado como Paulo Sérgio Ferreira de Santana, de 36 anos, o apoiante de Bolsonaro terá deixado o bar para se deslocar a casa onde foi buscar uma faca de tipo peixeira com a qual deu 12 facas nas costas de “Moa do Katendê”, que morreu no local. Um amigo que tentou defendê-lo foi ferido num braço.

Uma equipa da polícia militar brasileira deslocou-se ao local assim que foi accionado o alerta e seguiu um rasto de sangue que a levou a casa de Ferreira de Santana, que estaria alcoolizado na altura. As autoridades encontraram-no escondido numa casa de banho e com uma mochila, indicando que se preparava já para fugir.

“Os policiais avistaram um rasto de sangue que levava até uma casa e prenderam em flagrante o homicida escondido no banheiro. Ele já estava com uma mochila com roupas no intuito de fugir”, revelou a polícia militar da Bahia, numa nota à comunicação social.

“O autor do homicídio, na madrugada de segunda-feira, contra um mestre de capoeira, alegou discussão política como motivação do crime”, confirmou ainda em comunicado a secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. De acordo com o Departamento de Homicídios e Protecção à Pessoa, que ficou responsável pela investigação do caso, o suspeito tem já registo de envolvimento em duas discussões violentas, primeiro em em 2009, depois em 2014.

Considerado um dos maiores mestres de capoeira da Bahia, “Moa do Katendê” era também dançarino, compositor, percussionista, artesão e educador. Algumas figuras da cultura brasileira, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, utilizaram as redes sociais para prestarem homenagem a “Moa do Katendê”.

“Ele, homem de dedicada actuação entre as comunidades da cultura popular da cidade, foi o idealizador do bloco Afoxé Badauê que encantou os carnavais de rua da Bahia, alguns anos atrás”, escreveu Gilberto Gil no Facebook. “Torna-se uma das primeiras vítimas fatais dessa devastadora onda de ódio e intolerância que nos assalta nesses dias de hoje.”

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